Museu Mafalala no Museum Futures Africa

O Museu Mafalal integra-se numa rede global de museus que partilham a visão e compreensão de uma curadoria e abordagem museológica virada para a experiência do Sul Global.

Designado Museum Futures Africa, este projecto que é financiado pelo Goethe-Institut a partir da unidade Joanesburgo, levou Ivan Laranjeira (director do Museu Mafalala) novamente ao Brasil, desta vez para Salvador, onde conheceu José Eduardo Ferreira Santos (director do Acervo da Laje).

O paralelismo entre ambas instituições está no exercício de preservação da memória artística, cultural e pesquisa sobre as periferias das suas cidades. Duas realidades geográfica e contextualmente distantes mas que dialogam nos seus interesses.

“A experiência foi enriquecedora pela possibilidade que cada viagem nos dá de expandir os nossos horizontes”, disse Ivan Laranjeira, para quem, “todavia, as semelhanças entre ambos os espaços é impressionante”.   

Por sua vez, José Eduardo Ferreira Santos, esteve em Maputo de 07 a 12 do mês em curso, hospedado no Museu Mafalala. Ivan levou-o a experimentar a cidade, a Casa Museu de Malangatana.

“O Acervo da Laje é um importante parceiro do Programa Internacional de Residência Artística Vila Sul e estamos muito felizes com esse intercâmbio com Moçambique”, informa o Goethe.

Ivan Laranjeira privou, igualmente, com Friederike Möschel, responsável do Goethe-Institut Salvador-Bahia, que é uma janela de oportunidades. É neste sentido que a ideia é “pensar programas conjuntos de residencia e sobretudo trabalhar nos pontos comuns entre as culturas brasileira e moçambicana”.

Fazem parte do Museum Futures Africa, igualmente, o Maji Maji Memorial Museum, da Tanzânia; Mutare Museum, Zimbábue; o Acervo da Lage, em Salvador, no Brasil; Arna Jharna Thar Desert Museum, e Conflictorium, ambos na Índia.

O projecto é dedicado a impulsionar a inovação e transformação nos museus a partir da experiência do Sul Global, que, conforme o Goethe-Institut, “após uma bem-sucedida primeira fase de 2020 a 2022 [entramos] em uma nova etapa em 2023”.

A projecção é expandir horizontes para uma perspectiva transcontinental, lê-se na descrição do post de anúncio no Instagram do Museu Mafalala. Nesta fase, explica-se, a iniciativa conectou seis museus visionários, representando diferentes partes do Sul Global.

Foram eleitos ao projecto “não apenas preservam a rica herança cultural, mas também desafiam as fronteiras tradicionais da museologia”.

Além de um processo de workshops online ao longo do ano e trabalho contextual que ocorre dentro de um grupo de estudo em cada museu, o Goethe-Institut facilitou visitas de intercâmbio entre parceiros de museus.

O objetivo do intercâmbio, esclarece o financiador, é permitir que os parceiros passem uma semana aprendendo uns com os outros, visitando os espaços de trabalho uns dos outros, compartilhando ideias e práticas.

No contexto deste projecto, o Museu Mafalala, inaugurou, no dia 18 de Novembro, a exposição “Marrabenta Música de toda a nossa terra”, num evento que contou com a presença de Elarne Tajú e Mussa (ex-bailarinos da Associação Africana) e João Matola (neto de Fany Mpfumo).

Conforme a descrição, a proposta resulta da interação entre o Museu Mafalala e a comunidade local da Mafalala, espaço onde a Marrabenta tem firmes as suas raízes e vivas as suas histórias. A mostra é construída a partir de testemunhos e experiências de vida.

A pesquisa foi conduzida com a pretensão de traçar a linha do tempo da evolução da Marrabenta, um dos ritmos de música e dança moçambicanos mais populares.

Participam da produção da exposição ex-bailarinos da Associação Africana, uma instituição cultural que desempenhou um papel fundamentar na estilização e popularização da Marrabenta, durante os primeiros anos do seu surgimento.

“Marrabenta: música de toda a gente da nossa terra” também conta com os préstimos de João Matola, neto de Fany Pfumo, considerado o “Rei da Marrabenta”. O propósito é provocar a reflexão em torno da Influência da Marrabenta na construção da identidade social ao longo do tempo.

A mostra, inserida na programação do Festival Mafalala 2023, discute os significados da Marrabenta no tempo e no espaço, ao mesmo tempo em que percorre os seus estágios de desenvolvimento e busca entender a contribuição das várias figuras de destaque na sua evolução.

“Marrabenta: Música de toda a gente da nossa terra” acontece no âmbito do projecto MuseumFutures, um programa transcontinental liderado pelo Goethe-Institut, que envolve seis museus do Sul Global, concretamete 3 museus da África, 1 museu do Brasil e 2 da Índia.

O objectivo é repensar a museologia mais receptiva as comunidades locais, reconhecer e ir além dos legados imperiais e navegar pelo complexo presente político.

A cerimónia da abertura da exposição “Marrabenta: música de toda a gente da nossa terra”, que testemunhámos, contou com a actuação do conjunto “Xigogogowana”, um colectivo baseado na Mafalala e que interpreta o cancioneiro popular da periferia de Maputo, área da qual a Mafalala faz parte, juntamente com os Chamanculo, Mikadjuine, Xipamanine, entre outre outros.

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