Aguarelas e colagens dos Hemisférios FFLC

“Hemisférios”, título da exposição individual de Teresita Raffray, é um trabalho profundo e intenso, na captação dos sentidos, pela paleta de cores que sugere um mundo de sentidos e introspecção. 

Inaugurada ontem, às 18 horas, na Fundação Fernando Leite Couto (FFLC), a mostra de pintura e colagem é a primeira individual no país. Em Abril integrou a colectiva “3 em uma” com Emilia Caetano, Nelly Guambe sob curadoria de Nelsa Guambe no Centro Cultural Franco-Moçambicano. 

Teresita revela um trabalho de criação em dois universos distintos da prática artística: o mundo intuitivo das colagens e o trabalho mais estruturado que resulta nas aquarelas abstractas.

Num conjunto de 23 obras, chama atenção, em particular, a oficina conceptual que estabelece um diálogo entre a música e a arte visual, fruto de pesquisa sobre a temperatura e do tom da cor.

Teresita esclarece tratar-se de uma homenagem ao icónico compositor alemão Johann Sebastian Bach e à sua obra “O Cravo Bem Temperado”.

Yolanda Couto, curadora da exposição, interpreta as telas sobretudo na aguarela, como o reflexo do interesse pelas “infinitas possibilidades de manchas produzidas pelo pigmento e pela água”.

Tanto uma como um outro, prossegue, são dois elementos que podem ser controlados ou deixados ao acaso e pelas composições que apresentam, um diálogo entre formas orgânicas, uma geometria imperfeita, linhas e aguadas transparentes.

Teresita, com efeito, continua Yolanda Couto, demonstra “que a cor pode ser modificada através de uma sobreposição de tonalidades, por malhas de sombra, ou até mesmo pela colocação de elementos simples com a linha em repetições paralelas”.

Desta forma, assinala a curadora, a artista cria imagens poderosas num trabalho que de certo modo poderá comparar-se à interpretação harmoniosa de uma sinfonia musical reproduzida em diferentes instrumentos”.

Sobre a artista

Teresita Raffray, nome artístico, é de nacionalidade francesa e chilena, nasceu em 1979 na cidade de Paris. 

Em 1993 muda-se para Santiago do Chile onde, desde tenra idade, estuda piano. 

Em seguida, completa a licenciatura em Balas Artes na especialidade de gravura e viaja para Cuba, Espanha e França onde continua a aperfeiçoar os seus conhecimentos técnicos.

De 2009 a 2014, decide interromper a sua prática em estúdio, e torna-se gestora responsável pelas exposições temporárias no Museu Nacional de Belas Artes de Santiago do Chile. 

Muito embora esses anos tenham sido ricos em experiência e aprendizagem, decide deixar o Museu e viajar pelo Mundo de modo a encontrar a sua própria criatividade. 

Depois de vários anos a viajar pela Ásia, abra o seu próprio estúdio em Hanói, Vietnam, onde ensina arte e realiza oficinas sobre a Arte e a Consciência Plena (Mindfulness).

Lançou várias iniciativas para ajudar as pessoas a encontrarem a sua criatividade através da Arte e a Consciência Plena em Hanói, Santiago do Chile e Geneve na Suíça onde residiu por alguns anos. 

Aí começou a trabalhar em cerâmica e tornou-se professora de cerâmica numa escola privada, continuando também a desenvolver oficinas sobre a Arte e a Consciência Plena.    

Actualmente reside em Maputo, Moçambique.  

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