Isac Moiane a nova proposta: jazz e gospel

“A bênção do Senhor é que enriquece e não traz consigo dores”, é um provérbio bíblico que caracteriza, meticulosamente, o músico compositor e baixista Isac Moiane que, através do jazz faz gospel.

Nascido há vinte e seis anos, em Maputo, é um dos novos personagens da cena musical do país, que pretende trilhar o seu caminho para os palcos consagrados e respeitadas audiências.

Deu os primeiros passos na música aos 8 e 9 anos, na igreja Evangélica Assembleia de Deus, onde teve o be-a-ba que o fizeram caminhar e, mais tarde, fazer profunda investigação desta disciplina.

No coral que anima os cultos, aprendeu com os mais experimentados. Acredita ele que, desses encontros foi onde se formou o Isac Naine que actualmente executa baixo.

A trabalhar a fusão de jazz, funk e ritmos africanos, lançou o seu primeiro álbum este ano, intitulado “Bass in Worship – Isac Project”, em Março e apresentou na Fundação Fernando Leite Couto, com apoio do Centro Cultural Moçambicano-Alemão.

Tem memórias agradáveis desse evento. Pois, ao seu ver, a recepção, por parte do público foi boa.

Pela sua génese, sustenta as suas letras e composições no gospel, que não é um estilo no convencional do país, não obstante o crescente número de comunidades evangélicas em todas a cidades.

O jazz, funk e outros ritmos, justifica, são justamente para estabelecer algum equilíbrio que o permita chegar a mais pessoas.

Para si, os sons que interpreta são “mais uma forma de expressar aquilo que gosto, que é fazendo jazz, fazendo música e mais coisas”.

Conversar com Isac Moiane é sentir as melodias passeiando no ar, outrossim, é como se sua voz, ao falar, produzisse cantarias. A forma como gesticula é de alguém íntimo de instrumentos musicais.

Embora, pela correria do dia, a conversa tenha sido no seu carro, numa avenida algures em Maputo, notou-se, em sua feição, o quanto a música lhe toma as emoções.

Como dizem os mais velhos, mudam-se os tempos, mudam-se as vontades. Adaptamos para, mudam-se os tempos, mudam-se os hábitos. E o fazemos para recordar que, se ontem a febre para o acesso as músicas eram CD’s, hoje é para o streaming que se recorre.

Embora a nova tendência empurre os artistas à essa tendência, no nosso contexto social, a maior tendência ainda é de vender CD’s. Isac tem o seu álbum em todas as plataformas.

“Para nós músicos, publicar as músicas em plataformas de streaming, como dizzer, itunes, etc. é muito bom, porque garante uma maior abrangência”, observa.

A música música nacional prossegue, desta forma, ter maiores probabilidades de atingir audiências globais. “Isso pode abrir portas para novas chances”, acrescentou.

Nessas plataformas digitais, o retorno monetário, diz Isac, não é imediato, diferentemente da venda dos discos.

“É um pouco demorado”, diz e sublinha que, a demora é motivada pelos termos e condições das próprias aplicações, porque “o artista ganha quanto mais streamings tiver”.

Por exemplo, continuou, “se tiver em mãos cinco discos, cinco amigos, vendendo cada a 1000mt, os cinco compram logo e o dinheiro está na mão. O que não acontece no streaming. Eu tenho de fazer esse dinheiro em mais ou menos dois ou três meses, estás a ver?”

Apesar dessa complexidade, esta nova tendência do mercado global que vem a reboque da internet garantem uma maior exposição do trabalho dos artistas que em tempo mais curto chega a mais pessoas independentemente da localização geográfica.

Desde à primeira pergunta colocada ao Isac Moiane, a maior curiosidade era saber “por que gospel no nosso país?”.

Ele até pareceu nervoso ao formular a resposta, mas o que já sabemos é que ele gosta de cantar gospel e misturar as letras em muitos géneros musicais.

“É assim, eu faço gospel, mas de uma nova forma […] Estamos em um país aberto para vários estilos, abertos para várias chances e oportunidades. Então, decidi avançar nisso, decidi-me dedicar.”

Agora, o cantar gospel é uma forma, para ele, de espalhar a mensagem Divina: “É falar sobre Deus, falar que Deus salva, que Deus te pode libertar, Deus isto e aquilo. Para mim, isto é um ponto de diferença, talvez, que eu posso trazer em relação aos outros. Então, acho que é um desafio para que um dia, quando me virem, o público dizer este está a fazer um gospel, mas numa nova forma que metem jazz e vários ritmos.”

As músicas são feitas para agradar o ouvido de quem as ouve e Isac não foge a regra e lhe acresce a vontade de querer agradar o seu público consumidor: “Tenho músicas que só vais ouvir instrumentais, não têm voz, têm solo, etc., então, com vista a trazer algo que já existe no mercado, nós temos bons fazedores de jazz aqui. ”

A repercussão do trabalho, o retorno, tanto financeiro quanto abrangente e o reconhecimento, é o esperado quando um artista faz um trabalho e lança para o público. Não se espera diferente no Isac e parece que já não passa desapercebido no meio social, as pessoas o reconhecem. “O reconhecimento constrói-se com anos de trabalho, etc. Sinto que não estou a fazer um trabalho em vão.”

O Jazz, por ser uma explosão de beleza nascida da opressão, de improvisação e da criação coletiva, no nosso país há músicos que se destacam tanto nacional, quanto internacionalmente, o que cativa aos novos artistas nesta área a labutarem o seu ofício.
“Fazer jazz aqui é muito desafiador, porque temos grandes músicos de jazz e eu sinto que, na verdade, ainda estou à busca de me encontrar mais nessa área, claro que tenho ideias, que foram essas que me fizeram eu lançar um álbum com músicas boas e com qualidade, mas sinto que nessa área há muita exigência, que é preciso se dedicar, como artista, estudo, a prática e dar o teu melhor.”

E para atender a esta exigência de fazer o melhor, os seus ensaios instável têm sido frequentes, também, é uma forma de aperfeiçoar o seu dom.

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