Butcheca anuncia que “Vim para contar uma História” no Franco

Butcheca volta a expôr uma individual de pintura no Centro Cultural Franco-Moçambicano. Desta vez o título é “Vim para contar uma História” e a inauguração está prevista para terça da próxima semana, às 18.00 horas.

Nesta mostra, como contou-nos numa breve conversa durante a montagem na tarde ontem, irá retratar as suas memórias de infância, explorando os contos e mitos que ouviu dos mais velhos, as cenas de filmes que viu e que, igualmente, foram retratados por quem tenha visto – quando não pôde.

Entre telas grandes e as pequenas – das suas habituais séries – Butcheca pretende nos levar a percorrer o imaginário e as linhas que o tece de quem cresceu no bairro da Malhangalene, no centro de Maputo, nos anos 80 e 90.

Nas obras, a luz das que vimos, está presente, através, por exemplo, das pinturas de mãos, esta ideia da união e fraternidade – até porque o artista assume que apesar de serem suas memórias, são também colectivas -, os bares, as conversas em casa, entre outras temáticas.   

De próposito, esclareceu, optou por autocuradoria, de modo a pôr em prática o que aprendeu de outros curadores com quem trabalhou. O que não deixa de lado a opinião de outras pessoas que entendem de arte no processo de montagem. Mas, igualmente, desta forma, garante que o fio de memória que pintou seja fiel a si próprio.

“Nesta sua 14ª individual (terceira num intervalo de um ano), Butcheca atravessa a fronteira do tempo para, algures no passado, retirar da memória a relação do Homem com o espaço de pertença”, lê-se no texto de apresentação da exposição, assinada pelo jornalista José dos Remédios.

Mais do que uma experiência sobre a fruição, prossegue, “Vim para contar uma história” é uma pretensão estruturada num puzzleque nos orienta na nossa condição de seres ecológicos por definição.

“Quer recorrendo a óleo/carvão/acrílico sobre tela, quer pintando sobre metal reaproveitado, Butcheca reafirma-se como um artista comprometido com o movimento anacrónico na sua relação com o território”, observa dos Remédios.

Deste ponto de vista, explica, é um autor cíclico e assertivo, que pensa a relatividade do horizonte sem se desligar do passado.

“Afinal, vir para contar uma história também significa transparecer um propósito de vida, pois, parafraseando Kundera, o nosso artista inscreve-se na carta espiritual da sua nação e da história das ideias”, lê-se ainda no texto que estamos a citar.

Desde a sua primeira exposição individual, em 2022, Butcheca tem mostrado o seu trabalho nos principais espaços culturais da cidade de Maputo. Recebeu o 1º prémio Melhor Futuro (Hollard Moçambique), no âmbito das premiações da Colecção Crescente da Galeria Kulungwana (2020).

Foi também vencedor do prémio na XIII edição da Bienal TDM 2015, no Museu Nacional de Arte, em Maputo (2015). No presente ano participou na 5ª Bienal Internacional de Arte de Gaia, em Vila Nova de Gaia, e fez a sua mais recente individual O Coro dos Corpos, na Galeria Manoeuvre, em Matosinhos, Portugal.

Na sua pintura, o artista leva o espectador a mergulhar no seu universo, através de manchas de cores e personagens, que os transportam para a sua história.

Actualmente Butcheca destaca a participação na colectiva African Identities – Chapter III, no âmbito do AKKA Project, Veneza, Itália, e a exposição individual “A Dança das Sombras”, no Camões, em Maputo.

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