Sei que é uma actriz

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Obra de Matheus Sithole

Eu sempre apago estas cenas do mobile mas meia volta, estou na galeria, e está lá. Claro que eu é que os baixo, na obediência ao impulso espontâneo. É habitual. Mas…o sol das 8h e tal, insensível me sova onde não têm sombra. O passo é apressado. Um gajo está sempre atrasado. Culpa. Bom, a culpa, sei lá!

A cena é que enquanto isso, nas streets está full de cops em cada esquina, ESTAMOS SEGUROS, uff!

– O riso da gaja, babo!!! – vem-me a memória.

Uns auriculares a ouvir um som nice, tipo a versão “Amazing Grace” da Orrin  Evans! Uff! Mas um gajo nem tem auriculares. A história do desaparecimento do último é muito longa. Sim, na minha foto do perfil de algumas redes estou com eles, porém acho que a sociedade entende que foto na rede social é foto na social, é um evento solene que pode não ser verdade. As vezes é só uma busca, NEM TODOS estão nessa, dos troféus dos likes, adoro, coragem, coração, e yah, aquelas reacções do Facebook mesmo. Yah.

A cena volta a memóra: O olhar dela é fulminante, tem as minhas medidas, mas ainda pretendo usar a fita métrica naquele corpo nu. Não seria como alfaiate, o que seria um desastre e já não teria estes meus dedos que fazem o copy and past de legendas brilhantes, copiadas na Google, no Pensador ou ChatGPT. Whatever. Não ia escrever legendas. Seria drástico. Uff.

Estou a caminhar.

Lá atrás. Tipo para quem está na Felipe Samuel Magaia. Na Guerra Popular, nome legítimo – muito óbvio isto. Ok. Ali o people se aperta igual nos becos da Mafalala. “As paredes” são roupas de calamidade, frutas, bolachas, amendoim torrado e neste Time aqui de Agosto umas maçarocas cozidas com o sal no ponto. Yah, pronto. E daí? Sei lá!

Flashback: Não faz isso, enquanto morde os lábios – eu digo. Sei lá, eu viajo que Frank Sinatra conheceu uma tipa a quem amar seria uma estupidez. “And then I go and spoil it all/By saying somethin’ stupid like, I love you”. [Bom, sinceras desculpas, estou ciente que está aí e yah, não me lembro do título da música e Não quero ir para o Google, Shazam, YouTube, Spotify (o free mesmo. Pronto) yah. Hoje não. É uma música dele]. O olhar, o ser, o sentir me convidam para ELA!

O cheiro do pão de lenha da Aliança, na esquina com a Ho Chi Min. O verde do quintal do MUSEU DE ARTE. A entrada vazia do Museu. [nota prévia: ALGUNS. Pronto, yah! ] Polícias municipais, em frente ao Comando, no passeio, a estacionar e me recordo que só comprei pão, queria variar, as badjia, não pode ser todos os dias. E neste perímetro não há chamussas. Não há chamussas na zona do Comando municipal, nos passeios. Mas pronto.

Tráfego no seu melhor momento para o peão. Quase não anda de tão intenso. Depende dos dias sim, da semana e do mês, sim. Mas yah, essa cena e semáforos são a cena. E num passo assim sei lá, um pouco yah, uma cena mesmo. – E este respeito pela língua que prefiro não dá nome a essa cena – uma cena nice de: as máquinas pararam para eu passar! Pfhu! Sei lá.

Com umas caretas tipo aquele Earn da série Atlanta [brutal!] no rosto, que já enquanto Child Gambino fez MANINGS no “This is America”. Música meio nostálgica para o nosso tempo líquido. Uff!

Flashback: Sei lá, eu sei que ela é atriz. E yah! Mas nem posso ouvir a voz da gaja mesmo estando alone no place.

Fogo! Tenho que comprar auriculares, djoh!

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É licenciado em Jornalismo, pela ESJ. Tem interesse de pesquisa no campo das artes, identidade e cultura, tendo já publicado no país e em Portugal os artigos “Ingredientes do cocktail de uma revolução estética” e “José Craveirinha e o Renascimento Negro de Harlem”. É membro da plataforma Mbenga Artes e Reflexões, desde 2014, foi jornalista na página cultural do Jornal Notícias (2016-2020) e um dos apresentadores do programa Conversas ao Meio Dia, docente de Jornalismo. Durante a formação foi monitor do Msc Isaías Fuel nas cadeiras de Jornalismo Especializado e Teorias da Comunicação. Na adolescência fez rádio, tendo sido apresentador do programa Mundo Sem Segredos, no Emissor Provincial da Rádio Moçambique de Inhambane. Fez um estágio na secção de cultura da RTP em Lisboa sob coordenação de Teresa Nicolau. Além de matérias jornalísticas, tem assinado crónicas, crítica literária, alguma dispersa de cinema e música. Escreve contos. Foi Gestor de Comunicação da Fundação Fernando Leite Couto. E actualmente, é Gestor Cultural do Centro Cultural Moçambicano-Alemão

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