A pluralidade do ser estatuada por Reinata Sadimba

“Quem somos”, título da exposição de Reinata Sadimba na Fundação Fernando Leite Couto (FFLC), “é antes um chamamento para a reflexão, para uma viagem interior de cada um de nós”.

A observação foi feita na inauguração, ontem por Eduardo Quive, Gestor de Comunicação daquele instituição, onde a mostra estará patente até ao dia 2 de Setembro.

O interlocutor antes chamou a atenção dos presentes para o facto de a frase estar no plural, “exactamente porque é à representação de vários eus que se convoca”. Coube a Yolanda Couto fazer a curadoria e ao Nunes Chichava a montagem.

As obras presentes, prossegue Quive, retratam a imperfeição dos corpos em contradição com a perfeição que denota a compreensão da complexidade da condição Humana.

Quive, enquanto fazia a apresentação de “Quem somos” de Reinata Sadimba, recordou que o mundo atravessa tempos em que são visíveis a afirmação do individualismo sobre o colectivo.

Novamente em contramão, no mesmo fio o gestor de comunicação da FFLC focou no facto de a artista fazer-se pelo pluralismo, pelo lado comunitário, pela união, o que justifica o título escolhido pela curadora.

Eduardo quive contou que durante a preparação desta exposição, “na sua forma dedicada e delicada de lidar com o trabalho artístico”, a Yolanda disse-lhe “ao tocar nas mãos dela senti que elas ganharam a forma do barro, é como se elas fossem o próprio barro”.

Eldevina Materula, Ministra da Cultura e Turismo, que testemunhou o evento, ao tomar a palavra, disse que Reinata fala todas as línguas através das suas obras com o seu olhar.

A artista, prosseguiu, representa a diversidade que configura o país e é, sem dúvida, “o nosso orgulho”.

Não deixou de se assumir surpresa pela exposição, depois de seis meses em que a ceramista esteve fora do país a mostrar o seu trabalho, que classifica como diferente dos registos habituais.

A ministra se referia as máscaras penduradas na parede como que telas com molduras feitas de capulana, algo inédito para as habituais disposições das suas esculturas.

Reinata Sadimba nasceu em 1945, na aldeia de Nemu,Cabo Delgado. Filha de camponeses, ela recebeu uma educação tradicional Makonde que incluía a fabricação de objectos utilitários em barro.

Em 1975, ela inicia uma transformação profunda na sua cerâmica. Torna-se conhecida mundialmente pelas formas ” estranhas e fantásticas”.

Reinata Sadimba é considerada uma das artistas mulheres mais importantes do Continente africano.

Reinata, recebeu vários prémios e fez exposições em vários países, como Bélgica, Suíça, Portugal, Dinamarca, Itália, África do Sul e Tanzânia. Seus trabalhos estão representados em várias instituições, como o Museu Nacional de Arte, Maputo e o Museu de Etnologia de Lisboa. Fazem parte da Colecção de Arte Moderna de Culturgest e de numerosas colecções privadas em todo o mundo.

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