Francisco Noa empossado na Academia das Ciências de Lisboa

“Senti-me profundamente honrado e privilegiado por fazer parte de tão respeitável e reputada instituição”, assumiu Francisco Noa, em reação a tomada de posse, no mês passado, de membro da Academia das Ciências de Lisboa (ACI).

O docente e crítico literário, que é um dos mais activos em termos de publicações da área no país, explicou, de acordo com o “Notícias” de hoje que cita a “Revisa Kilimar”, que a sua entrada para a organização intercontinental da lusofonia pode significar uma maior projecção da literatura moçambicana.

A eleição já tinha sido feita em Março, como nos contou numa breve chamada telefónica esta manhã. E, finalmente em Julho os novos membros tomaram posse. Entretanto apenas os residentes em Portugal é que estiveram presentes na cerimónia.

Noa, que já foi Reitor da UniLúrio, vê a nomeação, por outro lado, como um desafio na sua carreira acádemia e no seu percurso intelectual, do qual já resultaram livros como, por exemplo, “Literatura Moçambicana. Memória e Conflito” e “Império, Mito e Miopia. Moçambique como Invenção Literária”.

Não por acaso, ter assumido que recebeu o convite para fazer parte da Academia lisboeta com um misto de satisfação e responsabilidade acrescida.

Na notícia publicada pelo “O País” na altura da eleição, em Março, o “Professor Noa”, como é tratado nos corredores literários, disse que a mesma servia como uma forte motivação para continuar a fazer o seu trabalho com a responsabilidade, rigor e entusiasmo de sempre.

De moçambicanos a ACL, o crítico autor de “A Letra, a Sombra e a Água” junta-se ao escritor Mia Couto e ao Professor Lourenço de Rosário.

Com efeito, académico nascido em Inhambane, ocupa o “acento” da ACL entre os sócios correspondentes estrangeiros da classe de letras, para a qual foram admitidos, igualmente, José Paulo Cavalcanti, Maria Encarnação Beltrão Sposito, Roberto Vecchi, Michel Dupuis, Allan Williams, Marc Flandreau e James Galbraith.

A Academia das Ciências de Lisboa é uma das mais antigas instituições científicas de existência contínua em Portugal. Foi fundada a 24 de Dezembro de 1779, portanto, há 244 anos.

Conforme os seus estatutos, entre várias actividades, compete à Academia das Ciências de Lisboa promover e incentivar a investigação científica, sempre que possível e necessário de forma interdisciplinar, e tornar públicos os resultados dessa investigação; estimular o enriquecimento e o estudo do pensamento, da literatura, da língua e demais formas de cultura nacional; colaborar em actividades de educação e ensino e fomentar a sua difusão e aperfeiçoamento; ou elaborar os pareceres que o Governo português e outros serviços solicitarem.

A Academia das Ciências de Lisboa é o órgão consultivo do Estado Português em matéria linguística, podendo ainda ser consultada em outras áreas científicas. Entre os membros da instituição, constam, na secção de Literatura e Estudos Literários, personalidades como Eugénio Lisboa, Manuel Alegre, Helder Macedo, Carlos Reis e António Lobo Antunes.

Além de Francisco Noa, entre cidadãos dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), fazem parte da Academia das Ciências de Lisboa Graça Machel, Mia Couto, Jorge Ferrão, Teresa Maria Cruz e Silva, Lourenço do Rosário (Moçambique), Pepetela (Angola), Germano de Almeida (Cabo Verde), Inocência Mata (São Tomé e Príncipe) e Carlos Lopes (Guiné-Bissau).

Com uma existência de mais de dois séculos, fundada a 24 de Dezembro de 1779, a Academia das Ciências de Lisboa agrega uma enorme actividade intelectual e científica, com uma diversidade notável de pensadores e cientistas, destacando-se a sua acção no incentivo à investigação científica e estímulo ao estudo da língua e literatura portuguesas.

Graças ao trabalho desenvolvido pelo Instituto de Lexicologia e Lexicografia da ACL foi possível disponibilizar, em 2001, volvidos treze anos de colecta e pesquisa, o “Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea”, primeira obra mais completa do género sobre o léxico português, com cerca de 70 mil entradas.

Francisco Noa é professor de literatura e ensaísta, doutorado em Literaturas Africanas de Língua Portuguesa pela Universidade Nova de Lisboa (2001). É professor de Literatura Moçambicana, na Universidade Eduardo Mondlane (Maputo), e investigador no Centro de Estudos Sociais Aquino de Bragança (CESAB), onde desempenha funções de diretor-executivo.

É igualmente investigador associado do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, é professor convidado, orientador e examinador de teses em universidades nacionais e no estrangeiro.

Desempenhou cargos de gestão em instituições de ensino superior. Atualmente, os seus interesses de investigação versam os temas da colonialidade, nacionalidade e transnacionalidade literária, a literatura como conhecimento e o diálogo intercultural no Oceano Índico, a partir da literatura.

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