Noémia de Sousa homenageada em antologia

Já está publicado o livro resultante do Concurso Literário Noémia de Sousa, organizado pela Universidade Licungo (UniLicungo), em parceria com a Palmontt SA. Esta é uma forma de prestar uma homenagem a poeta considerada “Mãe” da poesia moçambicana.

A antologia, conforme o “Notícias”, contém 19 dos 95 textos recebidos pela coordenação desde Abril último, mês em que se abriu a chamada de candidaturas para o certame que este ano teve a sua edição inaugural.

Participam da obra vários jovens que se estão a iniciar na carreira literária, que desta forma encontraram a possibilidade de ver, pela primeira vez, no caso da maioria deles, os seus escritos impressos em livro.

Boaventura Aleixo, Reitor da UniLicungo, disse que esta publicação tem de ser recebida como um passo inicial para o incentivo ao surgimento de novas vozes no universo livresco nacional que, como gradualmente fica claro, é prenhe de talentos.

Em entrevista ao “Notícias, Pedro Cardoso, Presidente do Conselho de Administração da Palmontt, comentou que a simbiose entre o sector privado e as universidades é das parcerias mais inteligentes para se desenvolver.

“Sou amante da leitura e por essa razão orgulho-me de fazer parte deste projecto junto da UniLicungo e espero que a partir deste outros eventos possam ser desenvolvidos”, disse.

O concurso homenageia Noémia de Sousa, que foi uma poeta, tradutora, jornalista e militante política nacional, considerada a “mãe dos poetas moçambicanos”.

A poeta é filha de Clara Brüheim Abranches de Sousa, de uma família de comerciantes com origens germânicas, moçambicanas e goesas, e de António Paulo Abranches de Gama e Sousa, de ascendência goesa, portuguesa e africana, que era alto funcionário do Governo colonial, empregado no Banco Ultramarino.

Quando Noémia de Sousa tinha 6 anos, a família mudou-se para a actual Maputo. Depois da morte do pai em 1932, começou a estudar no curso pós-laboral de comércio na Escola Técnica e publicou os primeiros poemas no jornal da escola.

Na década de 1940 viveu numa casa de madeira e zinco no bairro da Mafalala, em Maputo. Ali escreveu poemas que se tornariam símbolos nacionalistas africanos como “Deixa passar o meu povo”. Só saiu do bairro por motivos políticos, em 1949.

Entre 1951 e 1964 viveu em Lisboa, onde trabalhou como tradutora, mas, em consequência da sua posição política de oposição ao Estado Novo teve de exilar-se em Paris, onde trabalhou no consulado de Marrocos. Começa nesta altura a adoptar o pseudónimo de Vera Micaia.

A sua obra está dispersa por muitos jornais e revistas. Colaborou em publicações como Mensagem (CEI), Mensagem (Luanda), Itinerário, Notícias do Bloqueio (Porto, 1959), O Brado Africano, Moçambique 58; Vértice (Coimbra), Sul (Brasil).

Poeta, jornalista de agências de notícias internacionais, viajou por toda a África durante as lutas pela independência de vários países. Em 1975 regressou a Lisboa, onde trabalhou na Agência Noticiosa Portuguesa. Em 2001, a Associação dos Escritores Moçambicanos publicou o livro Sangue Negro, que reúne a poesia de Noémia de Sousa escrita entre 1949 e 1951. A sua poesia está representada na antologia de poesia moçambicana “Nunca mais é Sábado”, organizada por Nelson Saúte.

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