Migrações, diáspora e memórias são os fárois do 13 Festival Mafalala

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Fu da Siderurgia, Lerato Lichab e Ivan Laranjeira, na Mafalala

Migrações, diáspora e memórias são o mote para a 13a Edição do Festival Mafalala, a realizar-se entre 03 e 06 de novembro, no Museu Mafalala, neste ano de celebração do centenário do poeta-mor e herói nacional José Craveirinha (1922 – 2003), que muito o celebrou e mitificou.

A escolha destes temas para o festival materializa o discurso da Associação Iverca, que o produz, de resgatar a história, reflecti-la, actualiza-la e projetá-la em benefício do futuro. Ivan Laranjeira, director do Museu Mafalala, disse é “porque é o caracteriza a Mafalala”.

O bairro, descreve Laranjeira numa breve entrevista por Whatsapp, é um caldeirão cultural, um lugar de trânsito, e um espaço miscigenado. “As suas gentes vêm de muitas partes e as suas gentes também migram para outras partes”, sublinha.

Migrações, diáspora e memórias, temas centrais desta edição serão esmiuçados num calendário que propõe uma programação diversificada que envolve seminários, workshops, concertos e exposições.

“Acima de tudo pretende-se nesta edição desenvolver uma maior consciência de cidadania na comunidade e nos artistas”, assume o Museu Mafalala na comunicação através das suas redes sociais.

Com efeito, serão apresentados os resultados da residência artística que decorreu no Museu Mafalala que beneficiou a Fu da Siderurgia, moçambicano, beatmaker e Lerato Lichaba, sul-africano, guitarrista, sob curadoria de Rui Laranjeira.  “Devo dizer que a residência está a ser produzir uma instalação sonora para a exposição permanente do Museu”, contextualizou Ivan Laranjeira.

“Sou um moçambicano, beatmaker sounddesigner, live performer, criador da produtora Beatzone, designer, video-artista e activista da cultura HipHop da associação cultural Siderurgia – Núcleo de HipHop; artista afiliado a Dan Dada Music pela qual lancei a Ep ‘‘5 Tons de Vermelho’’ disponível nas maiores lojas de música online”, assim se descreve Fu da Siderurgia.

Nascido no Soweto, Lerato Lichaba começou a tocar guitarra aos 16 anos. Ele fundou a House of Kuumba – uma incubadora criativa sem fins lucrativos que se foca na preservação da cultura artística e património cultural por via da documentação músical e arquivo, partilha de conhecimento e desenvolvimento artistico. Lerato é também membro fundador e integrante da banda Urban Village, agora na editora francesa, No Format.

Ainda no que diz respeito a música, estarão presentes as bandas Urban Village da África do Sul e Afonjah e Isaar, do Brasil. O desembarque do conjunto pernambucano mereceu atenção da media local, tendo sido anunciado por estações de televisão e jornais.

Com os pés na tradição, cabeça no futuro, Urban Village que esteve há dias no Womex, é composto por quatro músicos mistura a música folclórica, zulu rock, xhosa funk, mbaqanga, maskandi, hip-hop, jazz e a energia espiritual dos coros sul-africanos. Inspirada na história do município sul-africano de Soweto, a banda se apropria da sua educação para reflectir a assimilação de sua rica herança, misturando música folclórica.

O projecto é constituído pelo guitarrista Lerato Lichaba, baixista Simangaliso Dlamini, baterista Xolani Mtshali e a flauta e mbira do vocalista Tubatsi Mpho Moloi.

Haverá igualmente Workshop de percussão brasileira, o seminário com o tema migrações, diáspora e memória. “Os eventos vão ser todos no museu Mafalala”, esclarece Ivan Laranjeira.

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É licenciado em Jornalismo, pela ESJ. Tem interesse de pesquisa no campo das artes, identidade e cultura, tendo já publicado no país e em Portugal os artigos “Ingredientes do cocktail de uma revolução estética” e “José Craveirinha e o Renascimento Negro de Harlem”. É membro da plataforma Mbenga Artes e Reflexões, desde 2014, foi jornalista na página cultural do Jornal Notícias (2016-2020) e um dos apresentadores do programa Conversas ao Meio Dia, docente de Jornalismo. Durante a formação foi monitor do Msc Isaías Fuel nas cadeiras de Jornalismo Especializado e Teorias da Comunicação. Na adolescência fez rádio, tendo sido apresentador do programa Mundo Sem Segredos, no Emissor Provincial da Rádio Moçambique de Inhambane. Fez um estágio na secção de cultura da RTP em Lisboa sob coordenação de Teresa Nicolau. Além de matérias jornalísticas, tem assinado crónicas, crítica literária, alguma dispersa de cinema e música. Escreve contos. Foi Gestor de Comunicação da Fundação Fernando Leite Couto. E actualmente, é Gestor Cultural do Centro Cultural Moçambicano-Alemão

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