Cinco dias de um diário que poderia ser meu

Dia 1.

Dez pessoas em pé, 13 solas firmes no chão, oito seres curvados, uma estrada consome o fumo preto, enquanto aos poucos perde o alcatrão. Queria ter acento como a fé, para ter tranquilidade para rabiscar este texto que não me sai da cabeça. Quero pensar em letras, mas são em números os pensamentos que pululam em meu íntimo: às vezes vejo um zero a esquerda no espelho, no extracto, mas o número de carácteres nas folhas continua o mesmo elemento neutro da adição. Nada a fazer, se não encontrar minha paragem e caminhar tranquilo, deitar na cama, encher páginas enquanto durmo e acordar vazio, com as mesmas equações por acertar, a caixa cheia de mensagens, mais de 4 mil e-mail por responder e uma vontade insaciável de procrastinar, sentar no alcatrão, deixar-me leve a flutuar, enquanto a nicotina vicia este pulmão sem fôlego e aspirações.

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