Gumatsy volta as galerias com “Hino das cores”

Gumatsy, artista plástico moçambicano, dá a ver de amanhã, às 18.00 horas, até 06 de Agosto, “Hino das cores”, exposição individual de pintura, na Galeria principal da Fundação Fernando Leite Couto.

Sob curadoria de Yolanda Couto, a mostra pode ser lida como uma proposta de um olhar sob a cidade de Maputo, vista a partir das suas periferias mais próximas do centro urbano – espaço que carrega a carga do apelidado “El dorado”.

Gumatsy elabora o seu discurso em composições de telas, entre grandes e pequenas, em que quase sempre retrata a vida das pessoas fora das suas casas, dos quintais. Estão, muitas vezes, nas ruelas ou no equivalente ao que muito se vê na Ilha de Moçambique, nas barrazas.

Os corpos humanos, traçados através da espátula que distribui a tinta de óleo na tela, são dados aos visitantes de “Hino das cores” sem rosto ou, quando os mostra, são apenas silhuetas de semblantes tristes.

Percorrendo a exposição, na qual predominam as cores azul e castanho – cor da areia, do chão ainda puro -, com o preto a complementar os contornos que fazem os detalhes e finalizações, Maputo, cujo signo mais acessível pode ser o dos prédios, o artista nos lembra a pluralidade que a constitui e pode conduzir para uma espécie de limbo que é a periferia, uma espécie de meio termo entre o urbano e o rural.

É como se, a semelhança das reivindicações do bairro Mafalala para ser integrada no imaginário colectivo da capital do país enquanto palco relevante da sua história, Gumatsy reafirmasse os subúrbios como o verdadeiro centro. Questão que, aliás, ganha ainda mais relevância se considerarmos o facto de, de dia uma larga maioria se deslocar a “cidade cimento” buscar o seu pão, e no final do dia fazer o sentido contrário para os subúrbios, perdendo (se esta for a expressão mais justa) a capacidade de contemplar o seu espaço de habitação.

No mesmo fio, pode ser um olhar da espera pelo dia de lá estar, lá viver. O centro atrai com as suas facilidades, promessa de prosperidade, sua vida agitada, as luzes e status, numa circunstância que se difere da dos guetos.

No geral são telas simples, entretanto densas de significado e reveladoras de profundo trabalho oficinal a busca de um traço singular, que pretende se distanciar do mais provável da sua geração que seria seguir o “malangatismo” e similares.

Em 1968 nascia em Moçambique Augusto da Silva Magaia, que logo na infância, no bairro Aeroporto, na cidade de Maputo, se interessou pelas artes plásticas, tendo como referência artistas de craveira como Mankew, Naftal Langa, Noel Langa e Malangatana, que tinham os seus ateliers naquele perímetro.

Já na fase de adolescência, ao perceber o seu interesse pelas artes, Malangatana aconselhou os pais deste artista que hoje assina Gumats nas suas telas de pintura, a matricularem-no na Escola de Artes Visuais, donde nunca mais saiu até ao presente, actuando como professor de desenho, pintura, escultura e outras áreas ligadas às artes visuais.

Com formação superior no Instituto Superior de Arte e Cultura ISArC. Gumatsy Iniciou a carreira artística no ano de 1984

Gumatsy não ignora, quando se vê em perspectiva para o passado, a declamação de poema, dança, teatro entre outras actividades culturais que desenvolvia na escola primária.

Participou em vários murais com o artista plástico Malangatana na cidade de Maputo, monitorou e participou em vários workshops em diversas Escolas em Maputo, e membro da Associação Núcleo de Arte, foi um dos primeiros premiados pelo Instituto Camões em Maputo, no ano de 1997. A sua obra está patente dentro e fora do país.

 

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