Prémio Fernando Leite Couto 2022 dividido entre o conto e o romance

A edição 2022 do Prémio Literário Fernando Leite Couto teve um resultado inédito. Quando muito se aguardava pelo anúncio do vencedor, eis que o júri, presidido por Francisco Noa, anunciou a grande novidade.
“O júri decidiu, por consenso, atribuir o Prémio Literário Fernando Leite Couto, edição 2022, em plano de igualdade”, o que significa que o galardão – criado para distinguir novos autores de poesia e prosa de ficção – este ano, seria entregue a mais de um candidato.
E foi exactamente o que aconteceu. Uma vez que a presente edição era voltada à prosa de ficção – abrangendo o romance, o conto, a novela, o texto dramático e a crónica – foram distinguidos o romance “Diamantes pretos em meio a cristais”, de Maya Ângela Macuacua, e a coletânea de contos “Quando os mochos piam”, de Geremias José Mendoso, partilham o panteão do Fernando Leite Couto 2022, pelo júri entender que as mesmas cumprem com os critérios de avaliação previstos pela organização, designadamente a criatividade, domínio técnico e a correção linguística.
“No caso do romance Diamantes pretos em meio a cristais é pela perpectiva inovadora. Quando digo, aqui, inovadora, é inovadora, realmente”, realçou Francisco Noa, a acrescentar que “foi uma obra que nos deslumbrou, pela forma como este romance está construído”.
Pela perpectiva inovadora, continua, como distribui as estórias em dimensões temporais e espaciais diferentes, mas com um denominador comum, que tem a ver com o sofrimento humano. “Além do mais, tem uma forte componente cosmopolita”.
Em relação à coletânea de contos “Quando os mochos piam”, da autoria de Geremias José Mendoso, o júri observa as figuras de estilo e a inspiração na tradição oral e nos acontecimentos do dia-a-dia como sendo os aspectos que emprestam à narrativa um teor “hilariante”.
“Prevalece um forte tom irónico, fazendo as histórias oscilarem entre o trágico e o hilariante. Verdadeiramente. Hilariante”, descreveu o júri.
Assim, os vencedores dividem, entre si, o total de 150 mil meticais e, ambos, terão as respectivas obras publicadas sob chancela da Fundação Fernando Leite Couto.
Além do prémio repartido, o Prémio Literário Fernando Leite Couto 2022 trouxe uma outra inovação. Trata-se da menção honrosa, direcionada às obras que, segundo o júri, apesar de não terem obtido o prémio, cumprem com as exigências do concurso, possuem todas as condições para serem publicadas, porque “trazem novas coisas para a nossa literatura”.
A distinção foi partilhada pelos autores Fernanda Vitorino do Rosário Mualeia João – com o romance ” Amor em tempos incertos” – Wasquete Jasse Fernando – com a novela “Noites de desassossego” – e Adelino Albano Luís – com a coletânea de contos”Estórias trazidas pela ventania”.
O júri da edição 2022 é composto por Conceição Siueia, Conceição Siopa, José dos Remédios, Albino Macuácua e presidido por Francisco Noa. O prémio Fernando Leite Couto foi instituto pela fundação com o mesmo nome, com o objetivo de estimular a produção literária de novos autores moçambicanos, em língua portuguesa.

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