Escrever é se libertar das nódoas da alma

Mais do que “sujar” o papel, à tinta, e criar significados, escrever é exteriorizar sentimentos. É dar voz ao nosso próprio “Eu” e romper qualquer tipo de barreiras. É nesse espírito que Énia Lipanga tenta imprimir emoções da alma de uma mulher incansável nas suas lutas diárias no seu segundo livro, “Para Enxugar as Nódoas dos Meus Olhos”.

Nesta obra de poesia, a autora procura trazer pistas das fuga aos maus estados de espírito, ao mesmo tempo em que dá continuidade aos seus trabalhos em prol da inclusão social, uma causa que também defende no seu primeiro livro ” Sonolências e Alguns Rabiscos”, disponível em Braile.

“Não podemos prender o choro”, sublinhou à poeta, durante a cerimónia de lançamento, no Centro Cultural Brasil-Moçambique, em Maputo. “Este livro tem uma parte muito auto-biográfica, mas também tem outra parte que quer consolar outras mulheres”, esclareceu, a acrescentar que “nós (mulheres) ainda podemo-nos levantar e seguir os nossos sonhos.”

A concepção de “Para Enxugar as Nódoas dos Meus Olhos” foi um processo relactivamente longo. Iniciou em 2017 e foi submetido à editora, no caso a Gala-Gala, em finais 2020.

Uma escrita esteticamente rica em qualidades

Sara Jona Laísse, doutorada em Literaturas e Culturas em Língua Portuguesa pela Universidade Nova de Lisboa, a quem coube fazer a apresentação do livro, disse ter constatado na escrita de Énia Lipanga, um trabalho de engenharia, realizado na tentativa de criar soluções para a superação das más experiências e lutas diárias.

“Neste livro, a autora descreve a nossa condição humana, de seres limitados, que podemos trabalhar em função da sobrevivência”, detalhou. Para além de bela, explica, a poesia desempenha alguma função social. “Mais do que uma autobiografia, a Énia traz uma obra esteticamente rica em qualidades e que se alinha aos esforços da necessidade de inclusão.”

A Profa. Dra. Sara Jona Laísse enalteceu, na ocasião, o contributo de Énia Lipanga na elevação das práticas tradicionais moçambicanas.

“A Énia, como activista social, luta para representar os outros através da sua voz”, explica, a acrescentar que o desejo de despertar o prazer pela leitura é, também, um dos traços que chamam a atenção na trajectória de Énia Lipanga.

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