Ecos das celebrações do Dia Mundial do Livro e dos Direitos de Autor em Inharrime

Por João Baptista

As celebrações do dia mundial do livro e dos direitos de autor na província de Inhambane tiveram como capital o distrito de Inharrime. As autoridades locais da Cultura e Turismo, em parceria com a Administração de Inharrime e os jovens da Associação Cultural Tindzila envolveram-se numa acção conjunta de promoção do livro e da leitura no passado dia 23 de Abril. A aurora do sol despontou e os livros expostos numa feira montada para consulta e venda. Eram livros de autores moçambicanos e estrangeiros, na sua maioria cedidos por editoras nacionais.

Um pouco depois das 9 horas, o evento principiou com a visita do administrador do distrito de Inharrime e do Director Provincial de Cultura e Turismo de Inhambane à feira do livro e outras mostras culturais, dentro dos limites deste contexto de pandemia da covid-19.

As actividades que emprestaram cor e vida, foram a declamação de poesia, intervenção dos editores dos livros e autores naturais de Inharrime. Primeiro foi apresentado o livro, O SILÊNCIO DA PELE, da autoria de OTILDO JUSTINO GUIDO. Este livro vencedor da Prémio Literário Fernando Leite Couto 2019 foi apresentado por Alerto Bia na leitura de um texto escrito pela poeta Hirondina Joshua que por razões de força maior não compareceu fisicamente. Houve igualmente uma declamação feita pelo próprio autor que também apresentou algumas linhas de leitura da obra. Por sua vez o editor Celso Muianga prestou um tributo ao escritor Calane da Silva recentemente falecido vítima da covid- 19. Calane foi um grande dinamizador das letras  e de autores moçambicanos, segundo Muianga que aproveitou recordar Isaac Zita, um escritor que morreu prematuramente aos 22 anos, há 38 anos. « A dedicação e ambição de Isaac Zita podem galvanizar o entusiasmo de muitos jovens que estão neste evento». A  música juntou-se ao festim com Efraime e Marcos de Aurora interpretando canções com letras feitas por Otildo e imitando ídolos músicos estrangeiros.

João Baptista, um jovem ensaísta vindo de Gondola para apresentar um livro que junta duas margens do Índico e o Atlântico, o angolano Joel Caetano e o moçambicano Jeconias Mocumbe, no livro  ESPIRITUALIDADE POÉTICA.

Enquanto decorriam os lançamentos, a feira do livro registava afluência de alunos, um público misto que afluía ao local, uns por curiosidade de ter um contacto com os livros da biblioteca móvel municiada pela Biblioteca Provincial de Inhambane representada pela directora e pelos membros da Associação Tindzila.

Ainda no que concerne aos lançamentos de O SILÊNCIO DA PELE e ESPIRITUALIDADE POÉTICA, testemunhou-se um facto assinalável que foi ver um distrito a assistir à publicação de jovens autores naturais de Inharrime, com presença dos pais de ambos. Era visível no semblante de cada autor, o sentimento de emoção incontida e de agratidão. Emoção pela concretização de um sonho e por publicar no «quintal de casa», juntos de amigos, o que por si por ser entendido como um veículo inspirador para os mais novos, sobretudo  alunos da escola primária local que passavam pelo pátio da Administração à medida que o dia avançava.

Emílio Cossa expressou a sua «inveja» aos filhos de Inharrime por registar com agrado que um evento destes distingue a todos, sobretudo por ser acarinhado pelas autoridades da cultural a nível da província e pela administração. João Baptista, o apresentadpor da «Espiritualidade Poética» disse que se trata de um livro que «revela a estética e a expressão de conteúdos da imaginação por meio de metáforas ou palavras polivalentes».

O angolano Joel Caetano, um dos autores de Espiritualidade poética, não se fez presente, todavia, deixou uma mensagem, eis o excerto:

“[…] a concepção desta obra é uma batalha renhida, onde o desânimo não poucas vezes visitou a nossa mente e o nosso coração, onde os dias somaram semanas, e as semanas meses, e quando demos por nós, tinha se passado anos. Foi paciência e querer, acima de tudo, que fizeram com que esta obra saísse ao público.”

As declamações de poesia não cessavam, tanto pelos autores e cerca de seis raparigas do estudantes no ensino secundário na escola Laura Vicuna de Inharrime.

No epílogo da cerimónia, o administrador do distrito de Inharrime disse na sua intervenção que se sente feliz vendo dois filhos da casa publicando livros para nos comunicar um saber. E fez questão de ilustrar a  alegria, recorrendo a uma cantiga chope. Por sua vez, o Director Provincial de Cultura e Turismo realçou “é preciso fazer do livro um caminho para o povo tomar o poder” , fazendo uma nova versão das palavras de Samora Machel, sublinhado que «o poder não é de chefia, mas um poder do domínio do conhecimento, da ciência».

A feira continuou por toda tarde, de modo que mais pessoas tivessem acesso aos livros. Enquanto isso os jornalistas da Rádio Comunutária de Inharrime desdobram-se em entrevistas aos autores, editores e demais presentes naquela festa do livro e da leitura que certamente vai constar nos anais de Inharrime.

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