Quando o corpo questiona: Deus nos acudi?

Questões relacionadas com o corpo, a partir de reflexões ligadas ao poder são o mote do filme “Deus nos acudi” de Pak Ndjamena, a estrear no dia 26 deste mês, na Galeria da Kulungwana, na cidade de Maputo. A estreia internacionalmente será a 23, no Festival Arts Ability de Cape Town, na África do Sul.

A pelicula, disse o autor que vê o corpo como objecto central deste trabalho, questiona crenças, mitologias, religiosidades secularizadas.

O projecto começou numa residência artística realizada no Centro Coreográfico do Rio de Janeiro, no Brasil, em 2019. Inicialmente, Pak Ndjamena quis fazer mais duas residências para enriquecer a ideia.

A pandeia, entretanto, impôs outros caminhos. A princípio “Deus nos acudi” tinha sido pensado para performance de palco, mas o esvaziamento compulsivo das salas de espectáculos mostrou-lhe que traduzir a iniciativa na linguagem cinematográfica era uma opção a considerar.

Deus nos acudi foi rodado durante uma semana, em Setembro, no distrito de Marracuene, na província de Maputo. Pak Ndjamena pretende, com esta obra, entre outras razões, questionar sobre as sociedades de consumo, o lugar do corpo na sociedade, revelado através do seu universo cultural.

A ficha técnica do filme inclui Pak Ndjamena (co-realizador, produtor, roteiro, actor/ performer), Bakha Yafole (co-realizador, director de fotografia, roteiro), Yuru Yurungai (trilha sonora), Mariano Silva (fotografia) e Mélio Tinga (design gráfico).

A edição foi feita no Yafole Studio, tudo graças ao apoio da Pro Helvetia Johannesburg e da Agência Suíça para o Desenvolvimento e Cooperação.

O filme orçado em 2880 dólares (mais ou menos 210 mil meticais), portanto, chega às telas depois de a performance em palco ter sido exibida em Março, no SESC de Pompeia, na cidade de São Paulo, no Brasil.

Durante as filmagens em Marracuene, o fotógrafo português residente em Moçambique, Mariano Silva, registou, com a sua câmara, vários momentos no backstage. Assim, entre dia 12 deste Novembro e 17 de Dezembro, igualmente na Galeria do Kulungwana, a mira de Mariano Silva estará representada em fotografia, na exposição com o mesmo título: Deus nos acudi.

De acordo com a Associação Kulungwana, a exposição de Mariano Silva reflecte, principalmente, múltiplos interesses do fotógrafo, que tem contactado e acompanhado o trabalho de diversos artistas nacionais.

 “Nesta exposição, Mariano capta a interpretação de Pak e o mundo espiritual que preside a vida da população moçambicana, não sendo a primeira vez que se debruça sobre este assunto. Mariano participou em 2018 no concurso fotográfico ‘Religiões e Crenças’, promovido pela Embaixada dos Países Baixos em Maputo, por ocasião da Exposição World Press Photo, tendo sido premiado no mesmo”.

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