“WORLD Press Cartoon 2018. Os Melhores Cartoons do Ano” trouxe oitenta obras para a cidade de Maputo e estão expostas no Camões – Centro Cultural Português até 23 de Agosto.
Depois de encerrar a 28 de Julho, na cidade de Caldas da Rainha, em Portugal, a mostra vem com cartoons de mais de 30 países dos diferentes continente, que se podem ver na sala multidisciplinar do “Camões”.
Ao percorrer a exposição, o expectador é convocado para diversas reflexões através dos desenhos, que, na essência, pretendem propor debates sobre o rumo da humanidade.
No tratamento dos assuntos, explicou Rui Paulo da Cruz, director e responsável pela comunicação e relações internacionais do World Press Cartoon, a intenção é espevitar as consciências, despertá-las da sonolência colectiva, para a qual remete o quotidiano.
Há, na exposição, por exemplo, um quadro que retrata uma enorme fila de pessoas a pagar para poderem ver uma árvore, num ponto específico, afastado do meio urbano de uma grande cidade.
“Poderá chegar um momento em que ter acesso a uma árvore será algo culto, se não mudarmos as nossas atitudes”, observa e avança “são estas e outras reflexões que a exposição itinerante transporta”.
Cruz prosseguiu a esclarecer que o principal objectivo é promover a imprensa e a liberdade de expressão por ser o que o cartoon representa.
A curadoria, explicou, foi concebida na perspectiva de uma visão abrangente sobre a caricatura, que é uma arte e género jornalístico pouco explorado no país e no continente. A sua afirmação sustenta-se no facto de receber poucas candidaturas africanas no maior certame português do tipo.
Rui Paulo da Cruz lamenta essa ausência, sobretudo, justifica-se, por tratar-se de uma forma de expressão diversa e que abre espaço para várias possibilidades. “Podes abordar de grandes personalidades como o Donald Trump ou Mozart ao aquecimento global”, exemplificou.
O diretor e responsável pela comunicação e relações internacionais do World Press Cartoon defende, que, tendo o cartoon a capacidade de documentar, criticar, analisar os acontecimentos e os respectivos protagonistas, poderia ter mais executores neste lado do mundo.
Não ignora que a escassez possa estar associada aos custos de produção. “São trabalhos, que levam muitas horas, é compreensível que países com dificuldades financeiras os jornais não consigam suportar”.
A solução, sugere, passa pela formação, estímulo de cartoonistas, para gerar interesse nos jovens com talento para o desenho e preocupados, jornalisticamente, com o mundo, a ambicionarem fazer uma carreira.
“Hoje com os métodos digitais, como o Photoshop, por exemplo, tornam este trabalho menos caro, os jovens, que estão a iniciar-se na área gráfica e das belas artes, podem capitalizar esta possibilidade”, disse, a referir que pode-se fazer o trabalho fora do jornal.
João Pignatelli, director do Centro Cultural Português, que acolhe esta edição do World Press Cartoon refere “estamos muitos satisfeitos por ter conseguido trazer esta importante exposição a Moçambique”.
O gestor e diplomata observa que nesta mostra estão representadas caricaturas, cartoons e desenhos, que representam olhares de diferentes culturas, em que os cartoonistas retrataram com humor a realidade do dia-a-dia do Mundo.
A exposição itinerante “World Press Cartoon 2018. Os Melhores Cartoons do Ano” resulta do concurso World Press Cartoon, que se divide em três categorias de Editorial, Caricatura e Desenho de Humor.
Os trabalhos tinham de ter sido publicados entre os dias 1 e 31 de Dezembro de 2018, em jornais e revistas de periodicidade regular e venda ao público, ou em publicações ‘online’ profissionalizadas, de reconhecida natureza jornalística.
Nesta edição, o júri foi constituído por António Antunes (organizador) e os cartoonistas Manuel Peres (Portugal), Maria Picassó (Espanha), Óscar Grilo (Argentina) e Cássio Loredano (Brasil)
Numa entrevista ao portal português, Observador, Maria Picassó sublinhou que as caricaturas, cartoons e desenhos submetidos a concurso demonstram, como “em distintas partes do mundo se veem os mesmos fenómenos, às vezes até um fenómeno local, mas que passa [na imprensa] em todos os lugares”. É a terceira vez que esta mostra escala Maputo, depois de 2011 e 2013.