Sexo (con)sentido de Kátia Manjate em Lisboa

AS MEMÓRIAS trágicas de quem cresceu em volta de narrativas de violência estrutural, que vitima desde a consciência ao seu corpo de mulher, inspiraram a coreógrafa moçambicana Kátia Manjate, para a performance “Sexo (con)sentido”, a ser apresentada na quarta-feira, no espaço Alkantara, em Lisboa, Portugal.

É, conforme a descrição do espectáculo, uma espécie de denúncia, um relato, uma experiência traumática, que traz com ela questões sobre os direitos humanos, liberdade e sexualidade feminina.

“Sexo (con)sentido manifesta o desejo da mulher poder ser dona do seu próprio corpo e administrar as formas de prazer que lhe são importantes e satisfatórias, independentemente, de opiniões morais, religiosas”, lê-se no documento, no portal oficial da Alkantara.

A poética deste trabalho, explica-se, centra-se em movimentos conscientes e inconscientes de corpo, que partem do estado emocional, à violência corporal e emocional, como chamada de atenção para o corpo feminino.

Com efeito, o espectáculo carrega mensagens e reflexões, que podem fazer-se a partir dessas temáticas sobre alguns tabus e sistemas de opressão que a sociedade foi impondo à mulher.

“O universo deste projeto nasce do íntimo, da experiência do quotidiano, da vivência, da essência daquilo que se vê, se diz e se mostra”, disse a coreografa.

Kátia Manjate (1984), em 1994, iniciou a sua formação em danças tradicionais, na Casa da Cultura do Alto Maé, e mais tarde, em 1999, foi membro da associação-grupo de canto e dança Milorho, onde foi desenvolvendo o seu trabalho como bailarina.

Em 2003, continua a sua formação específica em dança contemporânea no Programa de treino profissional em dança contemporânea, organizado pela Culturarte e danças na cidade, onde recebeu uma formação profissional com vários coreógrafos nacionais e internacionais.

Actualmente desenvolve o seu trabalho, como interprete e criadora. Dos seus trabalhos mais recentes destacam-se “Sexo (con)sentido”, que teve a primeira apresentação em Senegal (Dakar) e Maputo (Moçambique), e “Casa criado” no âmbito do Programa Pamoja, em colaboração com a artista bailarina de Madagáscar, Judith Olivia e o artista plástico moçambicano, Válter Zand.

Em 2016/7, participou no projecto transcontinental “Shift Realities” dos centros culturais alemães Hellerau e Tanzhaus, em parceria com a Ecole de Sables, onde co-criou a peça “Fragiland” em parceria com os coreógrafos Jason Jacobs, Souleymane Ladji Koné, Anna Till.

A sua mais recente criação “Life in numbers” em colaboração com a coreógrafa Alemã, Anna Till, tem estreia agendada para Outubro de 2019, na Alemanha e Moçambique.

É mãe de dois filhos, desde 2006 e vive em Maputo. Trabalha nas áreas de coreografia, artes na educação, assim como, sobre as relações entre o teatro e a dança.

Alkantara dedica-se há mais de 25 anos à promoção e desenvolvimento de projectos na área das artes performativas, assumindo a partir de Lisboa, um papel fulcral na constituição de uma comunidade internacional, que não admite fronteiras físicas, artísticas e disciplinares. Desde Julho 2018, os directores artísticos da associação são Carla Nobre Sousa e David Cabecinha.

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