Por: Pedro Pereira Lopes
Não se pode precisar quando ou porquê, mas nasceu, entre a rapaziada de Bajone, a ideia de que os brancos defecavam do alto. Do alto de quê, era um mistério. Nas tardes, quando o sol parecia encher o céu de chispas, com a mania das imitações,
nove cândidos diabretes
associados de um afamado bando,
distribuídos e empoleirados no alto dos galhos esvoaçantes das mangueiras de um pomar abandonado, punham-se a dejectar. Faziam-no com gozo, entre caretas e acenos, gozando tal descuidado hábito dos brancos.
Virou costume.
Aconteceu, num daqueles dias de vento impaciente, que um dos meninos despenhou-se do alto de um galho que se tinha partido, pelado peladinho, em posição e tudo, numa pirueta de medalha olímpica, e foi tamborilar no chão duro. A proeza valeu-lhe contusões e direito à consulta médica.
A partir daquele dia, os pequenotes não mais acharam divertido defecar como os brancos.