A PANDEMIA do Coronavírus está a afectar a programação artístico-cultural da cidade de Maputo, obrigando alguns produtores e programadores a adiar os seus eventos ou a ajusta-los ao contexto.
O Presidente da República, em comunicação oficial sobre a doença, disse que o Executivo decretou, como medida de prevenção, a suspensão de eventos com mais de 300 pessoas e desencoraja que os mesmos ocorram em locais fechados e/ou sem ventilação.
É neste contexto que o Museu Mafalala, os centros culturais Franco-Moçambicano e Brasil-Moçambique cancelaram alguns dos seus programas e o espaço 16 Neto está a reajustar as suas actividades. A Fundação Fernando Leite Couto suspendeu as actividades por um mês.
Ivan Laranjeira, director do Museu Mafalala, disse que teve de cancelar o espectáculo “Running from the urb”, do rapper Kloro, que estava marcado para o sábado. Este evento já vinha sendo preparado desde o ano passado. Ainda não há nova data definida para a sua realização.
“Estamos a registar cancelamentos dos tours na Mafalala”, disse Laranjeira, a ilustrar o impacto que o coronavírus está a ter no sector. “As pessoas, de forma voluntária, estão a evitar situações de exposição”, acrescentou.
A pandemia, prosseguiu, vai afectar “e muito” as projecções do museu que vive de actividades que envolvem aglomerados de pessoas. O quadro, referiu, é de incertezas, pois não se sabe até quando a situação irá perdurar.
“Isto irá afectar a circulação de artistas a nível da região”, lamentou, descrevendo que o coronavírus “está a deixar muita coisa tremida”. Laranjeira considerou que “este primeiro semestre está comprometido”.
Graça Magaia, assistente de comunicação e programas do Centro Cultural Franco-Moçambicano (CCFM), em Maputo, disse que o programa Bim Africa Tour e a segunda edição da Francofolia, foram cancelados. Ambos eventos estavam marcados para o sábado e previa-se ocupar a Sala Grande e o Jardim.
“Estamos a manter no activo os espaços que recebem menos de 300 pessoas, como o nosso auditório que irá acolher a exibição de filmes”, esclareceu, referindo que a sala tem capacidade para 144 pessoas.
Até ontem, disse Magaia, o movimento no CCFM não tinha registado baixa. O futuro mergulhado em incertezas, acrescentou.
Evaristo de Abreu, programador do espaço 16 Neto, disse ao “Notícias” que irá reduzir o número do público para uma média de 65 a 70 pessoas por evento. Por agora, explicou, não prevê o adiamento de nenhuma actividade.
“Vamos sensibilizar as pessoas a tomar os devidos cuidados de prevenção mas, enquanto não for diagnosticado nenhum caso no país, não iremos cancelar os nossos programas”, disse.
Tratando-se de um espaço fechado, observou Evaristo Abreu, a casa irá ressentir-se do coronavírus.