Por: Amosse Mucavele
A arquitectura visual, a poesia, o combate, dilatam-se no espaço da pertença contestação política e económica da sociedade onde estamos inseridos.
Vasco Manhiça ressalta o peso das diferenças na balança universal, como resultado da fragmentação do tecido social.
A questão social é a linguagem predominante nas obras de Manhiça, onde as interrogações quotidianas são a representação fiel da narrativa moçambicana, reinterpretada, revisitada e reinventada de maneira mais crua.
Em PANDZA SHOW há uma música ensurdecedora que trespassa o palco de eleição das massas. Há também as bailarinas nuas, há o Dj MALVADO, o “vendedor da pátria”, conhecido pelas suas acções de libertador. Há os tira-roupas, os mudos, os lambe-botas, surdos por excelência, os focal points da nossa desgraça, desfocados da sua realidade. Há vozes de Pedro Langa e Fela Kuti que ouvem-se de lá do fundo das nossas incertezas. Há também a imprensa que só relata a titânica luta dos dois beligerantes. Em PANDZA SHOW há um presente envenenado e o futuro é uma utopia falida.
*Texto de apresentação da exposição País do Pandza, inaugurada ontem na Fundação Fernando Leite Couto.
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