Morreu Mario Vargas Llosa, escritor peruano-espanhol e Nobel da Literatura, hoje, segunda-feira, 14 de Abril, aos 89 anos, em Lima, Peru, onde vivia desde 2022. A notícia foi confirmada pelos filhos nas redes sociais, que referem que o autor morreu “rodeado pela sua família e em paz”.
Nome incontornável da literatura mundial, Vargas Llosa construiu uma das mais sólidas e influentes obras da literatura contemporânea em língua espanhola. Em vida, foi também jornalista, ensaísta, académico e figura política, tendo concorrido à presidência do Peru em 1990.
Nascido em Arequipa, em 1936, o autor de A cidade e os cães, A casa verde, Conversa n’A Catedral e A festa do chibo destacou-se desde cedo pela ambição formal da sua escrita e pelo modo como explorava os temas do poder, da violência, das hierarquias sociais e da liberdade individual — marca constante nos seus livros.
Distinguido com o Prémio Nobel da Literatura em 2010, o júri da Academia Sueca descreveu-o como alguém que traçou “a cartografia das estruturas do poder e imagens mordazes da resistência, revolta e dos fracassos do indivíduo”.
Ao longo da sua carreira, publicou mais de 50 obras, atravessando géneros como o romance, o ensaio, o teatro, as memórias e a crónica jornalística. Escreveu para grandes publicações como El País, O Estado de São Paulo e a AFP. Algumas das suas obras foram adaptadas ao cinema.
Politicamente, viveu um percurso de mudança: do apoio à Revolução Cubana à crítica feroz ao regime de Fidel Castro, acabando por se tornar defensor do liberalismo democrático. Essa viragem causou fricções, inclusive com Gabriel García Márquez, com quem protagonizou uma amizade intensa e, mais tarde, um conflito célebre.
Nos últimos anos, entre Madrid e Lima, Vargas Llosa manteve-se ativo como autor. Em 2024, publicou aquele que viria a ser o seu derradeiro romance, Dedico-lhe o meu silêncio, centrado na música crioula peruana como símbolo de união e resistência.
Com uma vida marcada pelo amor à literatura e pela crença de que “escrever romances é um acto de rebelião contra a realidade”, Vargas Llosa deixa um legado literário que atravessa fronteiras e gerações.
De acordo com a família, o escritor será cremado e não haverá cerimónia pública, respeitando a sua vontade.