A cantora e performer moçambicana Lenna Bahule apresenta Kumlango, o seu novo álbum em formato de trilogia, disponível nas plataformas digitais a partir de sexta-feira, 30 de Maio. A artista prepara também um concerto para o dia 14 de Junho, em Maputo, onde levará ao palco esta obra que propõe uma viagem musical e espiritual pelas raízes africanas e pela experiência humana.

Kumlango significa “portal” na língua Jaua, falada no norte de Moçambique, mais precisamente na província do Niassa. É também a língua materna da mãe da artista. O nome define com precisão o que se escuta neste projecto, que se assume como uma travessia emocional e sensorial, ligando tradição e inovação, introspecção e celebração, som e silêncio.

Dividido em três EPs, o álbum começou a ser revelado em Junho de 2024 com Kwisa, uma introdução ao ciclo de vida, que convoca a inocência e a invocação dos ancestrais. Em Outubro do mesmo ano seguiu-se Nadawi, a fase de confronto interior, marcada pela dúvida, pelo caos e pelo processo de cura. A trilogia conclui-se com Mate, lançado em Março de 2025, um momento de êxtase e reconciliação, onde a música celebra o reencontro com a essência e com a paz.

Segundo nota de imprensa, Lenna Bahule inspira-se nos ciclos universais da vida e constrói, ao longo deste álbum, uma narrativa que parte do mundano para alcançar o místico. A sua linguagem musical recorre a idiomas diversos, incluindo o Jaua, o Xitswa, o Chope, o Tswa-Hlengwe, o crioulo da Ilha da Reunião e ainda uma língua inventada, uma expressão vocal intuitiva que nasce da criatividade e da necessidade de transcender limites formais.

A sonoridade de Kumlango é marcada por uma fusão entre elementos tradicionais moçambicanos e ritmos afro-diaspóricos, combinando instrumentos orgânicos com arranjos electrónicos, num equilíbrio entre raízes e experimentação. A proposta estética é envolvente, ritualística e profundamente emotiva, convidando o ouvinte a escutar não apenas com os ouvidos, mas com o corpo e com a memória.

Além de um registo sonoro, Kumlango é uma ode à busca espiritual, à ancestralidade e à cura. Cada parte da trilogia representa uma etapa simbólica, uma transformação interior que reflecte tanto a história pessoal da artista como a ligação colectiva com a herança africana. Em Kwisa, a preparação espiritual para a jornada. Em Nadawi, o desafio da travessia. Em Mate, a celebração do destino alcançado.

Ao escutar Kumlango, somos levados a atravessar portais que nos ligam ao passado, ao presente e ao futuro, a entrar em contacto com algo maior, a redescobrir o lugar da música como ferramenta de conexão, introspecção e transcendência. Lenna Bahule não entrega apenas um álbum, entrega um manifesto de identidade e um convite à escuta profunda.