A escritora, ilustradora e mediadora de leitura Inês Blanc regressa a Maputo para lançar o seu mais recente livro infanto-juvenil, “O Cantar da Chuva”, numa iniciativa que une literatura, arte e comunidade.
O lançamento acontece hoje, 17 de abril, às 14h00, no Centro de Teatro do Oprimido (CTO), na Feira de Hulene, através de uma oficina de produção de livros com crianças.

Com raízes em Portugal e uma prática desenvolvida entre diferentes geografias, Inês Blanc tem vindo a afirmar-se como uma das vozes mais sensíveis e comprometidas com a promoção da leitura e a criação literária para crianças. O seu trabalho combina escrita, ilustração e mediação, procurando criar pontes entre o imaginário infantil e os temas fundamentais da existência humana.

“Gosto de trabalhar com a simplicidade como potência. Às vezes, uma história curta, feita de poucas palavras e gestos mínimos, pode abrir um mundo inteiro de emoções e pensamento”, afirma Blanc, cuja prática tem sido marcada pela escuta activa e pela criação de experiências significativas com e para crianças.

“O Cantar da Chuva”, livro escrito e ilustrado por si, é um conto de apenas quatro páginas, mas com uma carga simbólica profunda. A história gira em torno de um pássaro tímido e solitário, que vive isolado no topo de um embondeiro. Quando a seca chega, o pássaro decide voar mais alto, buscando a chuva e, com ela, a possibilidade de reconectar-se com os outros. É uma metáfora tocante sobre coragem, transformação e empatia.

“O livro é um convite à escuta e à solidariedade. É sobre sair do lugar seguro e encontrar, no outro, uma forma de resistência”, explica a autora. O texto, destinado ao público infanto-juvenil, é acompanhado por ilustrações suaves e expressivas, que reforçam o tom poético e contemplativo da narrativa.

A actividade de lançamento será vivida como uma oficina criativa, onde 30 crianças, membros do CTO, filhos de catadores da Lixeira de Hulene e crianças da comunidade. Juntos irão construir, com as suas próprias mãos, edições artesanais do livro. A proposta integra a abordagem da plataforma Kuvaninga Cartão d’Arte, que imprime as publicações em capas de cartão reaproveitado, ligando ecologia, arte e literatura.

Cada participante levará para casa um exemplar do livro e outros serão distribuídos por parceiros do projecto. “É importante que estas histórias circulem. Que sejam tocadas, dobradas, guardadas nas mochilas e relidas quando der saudade”, diz Inês, reafirmando a ideia de que a literatura se constrói na partilha.

O evento conta com o apoio do Camões – Centro Cultural Português e do Centro de Teatro do Oprimido, reforçando o compromisso com uma cultura literária inclusiva e acessível. Além de ser uum lançamento, esta acção posiciona-se como uma celebração da criação colectiva e da força dos livros feitos com afeto, escuta e propósito.