É preciso humanizar as histórias

Contar histórias centradas em vivências singulares, mas que testemunhem experiências coletivas é uma das marcas da escrita de Mia Couto.

O autor – que se estreou na literatura através da poesia (Raíz do Orvalho, 1983) – tem nos contos e crónicas recursos que alimentam as suas perspectivas sobre aspectos característicos de cada momento da história. Escreve, essencialmente, sobre pessoas, para explorar sentimentos, mas também para descobrir o véu que tapa um (ou vários) outro(s) lado(s) de acontecimentos abrangentes.
Em conversa com escritores, Mia defendeu a necessidade de a literatura moçambique trazer os relatos por detrás daa pessoas mergulhadas no conflito de Cabo Delgado, como uma das maneiras de reconstituir os factos e sujeitos que carregam marcas de uma história colectiva.
O evento aconteceu na noite de ontem, na Fundação Fernando Leite Couto (FFLC) e foi um momento em que o autor moçambicano mais traduzido sentou-se com outros cultores da palavra, para partilhar parte da sua vasta experiência literária, mas também do seu processo criativo.
A noite estava fria, mas muitos foram os escritores e outros amantes da literatura e não só que se fizera à FFLC, para ouvir e discutir o pensamento de um dos escritores proeminentes de Moçambique.
Para o escritor, é preciso que se conheça os rostos por detrás do conflito e colher as suas narrativas, de forma a eternizar as memórias deste momento único da história de Moçambique.
É, também, necessário ‘‘fazer com que essas pessoas (que estão em Cabo Delgado) possam ser escritoras da sua própria vida’’, avançou Mia, a acrescentar que há que criar condições para que ‘‘mesmo que não saibam escrever, haja a possibilidade delas poderem dizer para alguém que saiba, para que este relato desta desumanização seja registada’’.

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