Maputo vibra ao som da música clássica

Há nove anos que Maputo vive e celebra noites de músicaclássica. Trata-se de uma festa organizada pelo projectoXiquitsi, que é uma iniciativa da Associação Kulungwanacom o objectivo de promover a inserção social de jovenssobretudo desfavorecidos através da música.

Os concertos havidos  na sexta-feira e sábado últimos, no Cine-Teatro Scala e no Centro Cultural Ntsyndza, nacapital do país, e que se enquadram na segunda série de espectáculos da temporada de música clássica-2022, foram mais um espaço que Xiquitsi encontrou para trazerà Maputo o que de mais erudito na música mundial e, através das sonoridades que perfazem a nossaidentidade, doar ao Mundo o que Moçambique tem de aroma musical.

É por isso que esta temporada dedicada ao canto contou com a participação de uma maioria compostapor artistas moçambicanos que subiram ao palco com os seus diversos instrumentos para comunicar atravésda música.

Contou-se com um selecto grupo de solistas queencheram e encantaram, com a leveza das suas vozes,ao público que se fez presente nas salas dos concertos.De Moçambique são eles: Xixel Langa (soprano), Déuscio Vembane (tenor), Mariana Carilho (mezzo-soprano) e Inérzio Macamo (violoncello), aluno do Xiquitsi que neste mokento frequenta o ensino superior em música, em Lisboa e participou desta temporadacomo convidado especial. De Portugal, o tenor José de Eça e de Cuba a pianista Alena Bravo que vieram a Moçambique emprestar o seu talento com o intuito de ver o projecto xiquitsi cada vez melhor. Mbenga esteveno concerto que decorreu no Scala e conta os detalhes.

A LEVEZA DOS TENORES

Sala cheia, público ordeiro, casacos e alguns até com goros para esquivar das tempeaturas baixas que se fazem sentir na capital do país.

José de Eça pisou um palco moçambicano pelaprimeira vez e deu início ao concerto interpretandocanções Napolitanas. Acompanhado por Alena Bravo, cantou Palarme d’amore Marlú do italiano Vittorio de Sicca, como quem encontrou no palco espaço ideal para expressar um amor a uma mulher, sobretudo emtempos em que se acredita em muitas coisas, mas pouco na capacidade de amar. O Segundo solo de José de Eça foi a canção Core n’grato, do compositor Salvatore Cardillo. A composição é sobre o ladodoloroso de amar e neste quisito o tenor do portuguêsJosé encaixou com perfeição, a encontrar suporte no dedilhar delicado do piano da Alena Bravo. Foiexplosivo quando necessário na colocação vocal, masao mesmo tempo delicado e melancólico paraexpressar a dor de um amor que não deu certo. Aindana pena da sua sensibilidade vocal, interpretou a última, Torna a Surriento, de De Curtiss, e que fazpensar sobre a paz e tranquilidade, sobre a natureza, sobre a vida. José de Eça agradeceu pela oportunidadede pisar os palcos de Maputo pela primeira vez e sentiro calor que é transmitido deste outro lado do mundo.

A mezzo-soprano Mariana Carilho arrastou o seuvestido vermelho, como que a combinar com o fundodo palco e assumiu aquele lugar para interpreter trêspeças: canto Cigano de Enric Granados; Una FurtivaLágrima de G. Donizetti e Seguedille de G. Bizet. Finda a sua apresentação, Inérzio Macamo subiu aopalco para tocar com o seu violoncello os trêsandamentos de C.P. E. Bach- Concerto em menorpara violoncelo, naquilo que foi a sua estreia a solo, e um misto de sentimento para um aluno que deu os seusprimeiros passos na música clássica em 2016, quandoingressou no projecto Xiquitsi.

Mas não era o fim. A orquestra e coro Xiquitiassumiram o palco. Sob direcção de EldevinaMaterula, interpretaram The Finnish Line de ColmMac Con Iomaire. Xixel Langa subiu ao palco paracantar Somewhere out here, uma composição conjuntade James Horner, Barry Mann e Cynthia Weil, a fazerdueto com Déuscio Vembane, tenor moçmbicano. Uma vez mais, a actuação da Xixel foi sublime, a contarcom os anos de experiência de trabalhos com Xiquitsi. Déuscio, sim, um jovem moçambicano que que actuapela primeira vez com Xiquitsi, cantou e demonstrousegurança em palco, também fruto dos seus anos de Estrada, a contar as experiências da formação emmúsica pela Escola De Comunicação e Artes da Universidade Eduardo Mondlane bem como ostrabalhos com a banda Indiciplinados.

Xixel e Déuscio fizeram mais um dueto. InterpretaramAvasati Va Lomu de Fany Mpfumu. Para além dos naipes que fazem a orqustra, a música foi enriquecidacom instrumentos de percussão em palco como queadoçantes para dar mais africanidade ao espectáculo. Vezes que o tenor de Déuscio se sobrepunha à encantadora soprano Xixel, mas nada disto estragou o show dela. Ainda no concerto, cantou-se Baba Yetu, o pai nosso, com o solo do tenor moçambicano Déusciopara depois fechar o espectáculo com o choro Dry yourtears Africa de John Williams.

EVOLUIR

A segunda série de concertos da temporada de músicaclássica-2022 contou com a participação de diversasindividualidades que quiseram testemunhar de perto o crescimento do projecto Xquitsi. Estiveram na sala o Presidente do Conselho Muncipal da Cidade de Maputo, Eneas Comiche; Fredson Bacar, vice-ministroda Cultura e Turismo, entre outros.

O projecto Xiquitsi está a ser implementado emoutros pontos do país. Neste momento, através do projecto Cantarte, actividades nas províncias de Nampula e Cabo Delgado. Niassa é a província a seguir.

Eldevina Materula esclareeu que o sonho é que outrasprovíncias possam também ter as suas orquestras e possam ver  espectáculos de música clássica a seremrealizados por jovens artistas locais. A meta, Segundo disse,  é desenvolver a cultura através da manutenção e escrita do  acervo cultural moçambicano.

Quando começamos contávamos com professores estrangeiros, mas hoje, graças a Deus, a maioria é moçambicana a leccionar neste projecto. Acreditamos também que este é o caminho para a profissionalização das artes. O segredo para manterfirme este projecto é o profissionalismo, dedicação e disciplina. Naturalmente que isto não se faz semapoio”.

Projecto Xiquitsi é uma iniciativa da AssociaçãoKulungwana de inserção social de jovens através da música. Neste momento conta com mais de 200 alunos.

Ministério da Cultura e Turismo

reunido em Conselho Coordenador

O Ministério da Cultura e Turismo, realiza  nos dias 21 e 22 de Julho do corrente ano, na Ponta de Ouro, Distrito de Matutuine, Província de Maputo, o VII Conselho Coordenador, sob o lema Cultura e Turismo Como Factores de RevitalizaçãoEconómica”.

O evento irá decorrer no formato híbrido (presencial e digital) e será será antecedido pela IV Reunião Nacional de Planificação, no dia 20 de Julho. O Conselho Coordenador tem comoobjectivos avaliar o grau de execução das actividades do Programa Quinquenal do Governo (PQG) 2020-2024 e do Plano Económico e Social (PES) e Orçamento 2022; analisar as propostas do Plano Económico Social e Orçamento do Estado para 2023; pronunciar-se sobre os planos, as políticas e as estratégias relativas às atribuições e competências atinentes aosector da Cultura e Turismo e fazer as devidas recomendações,  bem como promover a aplicação uniforme de estratégias, métodos e técnicas com vista à realização das políticas do sector.

Igualmente, o encontro de âmbito nacional vai servir parareflectir sobre os impactos negativos que a pandemia do novo coronavírus trouxe ao sector do turismo e da cultura.

 

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