Gostaria de voltar a escrever

Sinto que uma parte de mim faleceu, foi enterrada, escutou o som da areia a trazer as trevas, a fragrância das flores 10 meticais e a água a ser absorvida pela terra enquanto proferiam a última oração: Descanse em paz.
Meus dedos despiram o uniforme, jogaram alguns mililitros de gasolina no pano e deixaram a chama do palito de fósforo abraçar a tarefa de redigir. Há fumaça, as folhas em branco mostram que não há fogo. Os dedos só coçam os cabelos, que estão cada vez mais rebeldes, superando os textos que um dia ambicionei escrever. Mexem o mouse, tocam as teclas da máquina de calcular, seguram a colher, acariciam o rosto, os lábios e beijam outras águas.
Já não me pertecem, já não tenho forças para resgatar aquela força que um dia os fizeram parir personagens que respiravam um ar tão denso que por vezes faziam respiração boca em momentos em que eu mergulhava em pensamentos nefastos.
Tenho saudades.
E hoje invoca estas memórias, para preencher vazios, espaços que sempre estarão incompletos. Tenho vazios por completar e a única coisa lúcida que escrevi até agora foi essa vontade que está expressa neste título que nem chega a ser título. Espero conseguir.

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