Mia Couto e David Diop conversam sobre literatura no Franco

Os escritores moçambicanos Mia Couto e o franco-senegalês David Diop terão uma conversa, amanhã às 18.00 horas, no Centro Cultural Franco-Moçambicano, sob a moderação do jornalista Leonel Matusse Jr.
Ambos autores, cada um nos seus meios e contextos geográficos, sociais, políticos e culturais, trabalham na sua ficção questões relacionadas com a memória colectiva, passado, construção de identidade e outros dilemas existenciais, em consequência, em parte, dos acidentes históricos que resultaram no colonialismo.
Nesta altura em que uma das temáticas mais abordadas, não só pelas diásporas africanas e no ocidente, são as narrativas sobre o ser um individuo africano, afro-descendente, de um país africano e se percebe que o objecto racismo não é meramente uma questão de pigmentação, mas também económica e política, é relevante reflectir sobre a produção literária e de pensament0, de Mia Couto e David Diop.
Mia Couto nasceu em 1955 na cidade da Beira, província de Sofala. Viveu nessa cidade até aos 17 anos, altura em que foi para Lourenço Marques para estudar Medicina. Interrompeu o curso para iniciar uma carreira jornalística que se prolongou até 1985.
Por sua iniciativa regressou à Universidade para estudar Biologia tendo terminado o curso em 1989. Até à data trabalha como biólogo em Moçambique.
Publicou mais de 30 livros que estão traduzidos e editados em trinta diferentes países. Os seus livros cobrem diversos géneros desde o romance, à poesia, desde os contos ao livro infantil. Recebeu dezenas de prémios na sua carreira, incluindo – por duas vezes – o Prémio Nacional de Literatura, o prémio Camões e o prémio Neustad, considerado o prémio Nobel norte-americano.
No ano de 2016 foi finalista de um dos mais prestigiados galardões internacionais, o Man Booker Price. O seu romance Terra Sonâmbula foi considerado por um júri internacional reunido no Zimbabwe como um dos 10 melhores livros africanos do Século Vinte. É membro da Academia Brasileira de Letras. No ano de 2020, com a trilogia “As areias do Imperado”, ganhou internacionalmente o prestigiado Prémio de Literatura Jan Michalski. Em Janeiro de 2021, também com a trilogia “As areias do Imperador”, foi galardoado em França com o Prémio Albert Bernard.
David Diop (nascido em 24 de fevereiro de 1966) é um romancista e acadêmico francês, especializado em literatura francesa e africana do século XVIII. Sua pesquisa, na Universidade de Pau, no sudoeste da França, concentra-se nas representações da África em relatos e imagens de viajantes do século XVIII.
Diop recebeu o International Booker Prize 2021 por seu romance At Night All Blood Is Black como o primeiro autor francês (traduzido por Anna Moschovakis). O romance também foi indicado para dez prêmios franceses e os ganhou em outros países.
O romancista, que nasceu na França, mas passou a infância em Dakar, no Senegal, depois que a mãe francesa e o pai senegalês se conheceram na universidade de Paris nos anos 1960, ficou chocado com a “intimidade com a guerra” dos jovens soldados. Seu romance, At Night All Blood Is Black, é um relato emocionante e sinuoso de guerra industrial, colonialismo, violência, juventude e amizade. Foi um enorme sucesso de crítica e um best-seller na França, ganhando vários prêmios em toda a Europa. Depois de mais de 100 anos de literatura da primeira guerra mundial, em todas as formas e em todas as línguas, os críticos encontraram algo novo na visão moderna de Diop. Foi “hipnoticamente convincente”, disseram os juízes do Booker.

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