Deltino tenta curar o mundo com “Rokotxi”

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Deltino Guerreiro. Fotografia de Mariano Santos.

Se a COVID-19 está na ordem do dia, quando o assunto é doença, Deltino Guerreiro está a olhar para outra patologia, a da alienação cultural que vai matando a identidade cultural do país. “Rokotxi”, título do álbum que irá lançar amanhã, às 18.00, na Fundação Fernando Leite Couto, tem a intenção de ser a cura.
Rokotxi, explica Deltino, que a partir das 10.00 horas estará a vender o CD e a assinar autógrafos, em makhuwa (Emakhuwa) é uma planta do tipo medicinal com múltiplas funções de cura. Geralmente é utilizada para curar ou aliviar dores no corpo, dores de cabeça, entre outras.
“Lembro-me muito bem de quando a minha avó usou Rokotxi para me curar de uma febre quando ainda era muito pequeno”, escreveu o compositor e intérprete na nota de apresentação do álbum de oito faixas, nas quais promete mensagens de amor, esperança, fé e força para as nossas lutas diárias e futuras.
O disco, prossegue Guerreiro, tem como objectivo remeter as pessoas para a necessidade de curar o país da falta de valorização da criação cultural nacional. “É desse banho que precisamos para restaurar a nossa identidade e valorizar as nossas criações culturais”, acrescentou.
“Eparaka”, seu álbum de estreia, foi explosivo e surpreendente a ponto de o levar a festivais internacionais, como por exemplo o Mercado de Música do Oceano Índico, na Ilha Reunião por duas vezes, tendo 2019, sido a última vez. Nessa ocasião, a equipa do festival elogiou-o por ter conseguido fazer um show que agarrou a atenção do público com o qual esteve a interagir, assim como a forma como gere a sua voz numa performance ao vivo.
Neste continua a incorporar elementos sonoros moçambicanos, sobretudo a precursão do tufo, do mapiko e do zoré – de Inhambane -, mas com uma abordagem contemporânea, com um toque pop, próximo daquela indefinição a que se prefere chamar worldmusic.
No intervalo entre os dois trabalhos, Deltino colaborou com Joss Stone, uma cantora e compositora inglesa de soul e R&B e actriz, parceria da qual resultou o single “Mozambique”.
Para o álbum, “Rokotxi”, Deltino convidou o rapper Azagaia para o tema “Com amor se paga” e a cantora e intérprete Assa Matusse, para a música “Master” depois de ter composto para esta última no álbum “+Eu”.

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É licenciado em Jornalismo, pela ESJ. Tem interesse de pesquisa no campo das artes, identidade e cultura, tendo já publicado no país e em Portugal os artigos “Ingredientes do cocktail de uma revolução estética” e “José Craveirinha e o Renascimento Negro de Harlem”. É membro da plataforma Mbenga Artes e Reflexões, desde 2014, foi jornalista na página cultural do Jornal Notícias (2016-2020) e um dos apresentadores do programa Conversas ao Meio Dia, docente de Jornalismo. Durante a formação foi monitor do Msc Isaías Fuel nas cadeiras de Jornalismo Especializado e Teorias da Comunicação. Na adolescência fez rádio, tendo sido apresentador do programa Mundo Sem Segredos, no Emissor Provincial da Rádio Moçambique de Inhambane. Fez um estágio na secção de cultura da RTP em Lisboa sob coordenação de Teresa Nicolau. Além de matérias jornalísticas, tem assinado crónicas, crítica literária, alguma dispersa de cinema e música. Escreve contos. Foi Gestor de Comunicação da Fundação Fernando Leite Couto. E actualmente, é Gestor Cultural do Centro Cultural Moçambicano-Alemão

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