A linha e o Cego

Escrito por: Jeremias, F. J


… às garras da Charrua.

A verdade é louca e mitológica. Não há semideuses. Apenas o nada. É preciso a candeia na clínica. Por isso, deixem ao menos na porta o bálsamo, mas não hospitalizem as idades na sintaxe e os semblantes na ciência do absurdo no antes do agora dos sítios dos quais queremos traspassar o algodão para o miolo do horizonte, e nessa linha há infiltração do soluço na fontanela da casa. Qual é o peso da palavra num poema? Diga-nos. O que faremos com dois rostos oblíquos no vazo primário, num furo sôfrego de furor que vindima a leveza e jovem ombro? Os ritmos que viram o sangue e devolvem a veia na lâmina, são também as gravuras da nação. Talvez um tecelão precise da bigorna harpada na sua testa por um lenço. Ou orbitar a clavícula na erva adulada pelo sol, mas digo que não será a ligeira frescura e oculta da loucura que não nos cura a nudez da sílaba. É preciso fruir-nos como inexistentes da essência. Ainda mais, como aqueles que industrializam os locus para que das atravancadas os cegos deslumbrem as estrelas que esmagam a transpiração dos caminhos.
[…] não são os espaços que nomeiam o tempo, mas outorga-se, homologa-se pelos passos que retiram os inícios e os fins. […] A quem pertencem a rotação do relógio?
Não é da limpidez dos dez dedos enrolados por calos que fazem uma ave principiar os lugares do poço que de olhos abertos ela não voe antes e, quando se pensar na grossura da língua no tabuleiro que nos eterniza porque somos chamados de ferros que carregam as feridas do povo. É a espessura da candeia que desfigura o destino da substância.
Não desmemorizem a folha para que dos tormentos e ternuras saiba onde pousar, ainda que da última tertúlia seja o selo do centrífugo da razão humana.
Não despovoem a infância da nervura, deixem os lemos na boca para que os dentes endureçam a água e a barca até que do brilho o diamante se esculpe a sombra nostálgica que da clínica da mão, por começar, metalugiaram os pés e as pontas do Índico. Os filhos são organismos incoerentes na célula porque é o tempo que brota neles. Por pensar. Ora vejamos o fogo: ainda que se diga: continua ardendo adentro das cinzas, mas os olhos não podem tocá-las por prazer. Por isso digo, coloquemos os freios na noite que se apressa para que as pálpebras das crianças farejem o lume que há nelas. Se quisermos, queimemos ortonímia dos regressos e idas das libélulas nos campos do milho ou da macadâmia. Mas agora te pergunto: o que tu queres das larvas que mecanizam as asas das águas, que lubrificam os trevos, os dias, as noites inclinadas na testa do livro? A imersão da voz nas estrelas que se ajoelham entre o carpinteiro e agrónomo? Afinal, o que é a linguagem na algibeira retinal do louco e do cego? É nada. Escute-me bem. É nada.
O formigueiro continua adentro da figueira, mas não é da sua fruta que se deve temer, é do braço que atira a escrita para os pássaros sem os ferir, mas para reindustrializar voos.
[…]

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