Incluarte: Arte para inclusão social

A arte é um campo aberto, assemelha-se a uma vasta planície, decorada pelo verde de esperança que paira no âmago dos seus fazedores. É um lugar onde há espaço para todos, independentemente das eventuais diferenças e similaridades, tanto no ser quanto no pensar e agir.

Movida pela crença de que a arte é, também, o ponto de encontro dos vários tecidos sociais, a poetisa e activista, Énia Lipanga, abraçou a causa da inclusão, no panorama artístico, de grupos minoritários e vulneráveis, criando o movimento “Incluarte”.

Trata-se de uma iniciativa que desenvolve actividades alinhadas na ideia de incentivar, acolher e promover a produção artística feita por indivíduos com necessidades especiais, que organizou um concerto musical, Sexta-feira última, na Fundação Fernando Leite Couto (FFLC), em Maputo.

A estrela da noite foi o músico Rafael Bata. De guitarra ao colo e óculos escuros, cobrindo os olhos, o músico fez valer o seu talento, ao embalar o público que lotou o palco da FFLC, com as variadas temáticas que fazem parte do seu repertório.

O início do concerto foi marcado por um momento solene. Enquanto o músico soltava a sua voz, arranhando as cordas da guitarra, os presentes vendaram os olhos com um pequeno pedaço de tecido, fazendo quase que uma viagem à condição  na qual Rafael Bata se encontra.

Segundo Énia Lipanga, o gesto foi serviu de meio para acarinhar o músico e, sobretudo, levar as pessoas a refletir sobre a questões ligadas a pessoas que vivem com cegueira, bem como as outras necessidades especiais.

“A ideia era por um lado experimentar o momento e sentir-se como o Bata se sente e, por outro lado entender o conceito do espectáculo depois de passar por essa experiência”, explicou.

O Show, que durou cerca de uma hora e meia, marcou as comemorações do Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, celebrado, todos os anos, a 3 de Dezembro.

Desafiar os artistas a fazer espectáculos individuais é a nova “roupagem”do Incluarte e, o músico Rafael Bata, foi o primeiro a encarar esse desafio.

No fim do concerto, Rafael Bata declarou ter sido uma grande honra participar, mais uma vez, do evento e destacou a questão de ter feito todo o espetáculo sozinho. “Foi desafiador e isso prova que pessoas com deficiência são capazes, elas só precisam de oportunidades”, disse.

Énia Lipanga faz um balanço positivo do evento, pese embora tenha havido algumas dificuldades no momento do ensaio.

“Foi um evento incrível. Superou as minhas expectativas como organizadora, primeiro porque tivemos sérias limitações no momento do ensaio, pois os artistas comunicam-se com o olhar no palco e não foi possível com o Bata por essa razão tivemos que nos adaptar à deficiência dele. Houve uma sincronia muito boa entre o Bata e a intérprete de linguagem de sinais, a Mirelly Timbana”, detalhou.

O “Incluarte” é uma iniciativa desenhada com o principal objetivo de chamar as pessoas à consciência sobre a inclusão nos espaços de lazer, artes e manifestações artísticas e culturais.

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