Moya 2.0 na Estação dos Caminhos de Ferro

Quando a cidade de Maputo já não pode receber visitas, cantar para ela pode ser um jeito de confortá-la, como está a fazer o projecto Moya, nas suas sessões de música acústica.

A escolha de espaços para o registo, em vídeo, de vozes ainda distantes do mainstream, porém aclamadas nos circuitos alternativos, recai sobre “pontos de referência turística e representativa da cidade”, esclareceu o cineasta Wilford Machili, em conversa com o “Mbenga”.

Depois da primeira temporada que iniciou no ano passado e terminou no mês passado, neste momento a equipa deste projecto está a trabalhar na segunda, sendo que as filmagens decorrem na Estação Central dos Caminhos de Ferro, na baixa de Maputo.

Para além de Wilford na direcção de imagem, a curadoria é de Evaro Abreu e na fase inicial o Ailton Matavela ou, como assina nas suas músicas, Trkz – músico moçambicano a residir na França – é que fazia o som. A produção é feita pela Big Picture.

O material depois disponibilizado em plataformas de streaming, como o Youtube, é uma proposta contemporânea de geração de conteúdo que explora uma linguagem minimalista em que o espaço, sob olhar do cineasta que é arquiteto de formação, e a voz são a joia.

A simplicidade da produção evidencia-se em detalhes mínimos, como, por exemplo, quando ouvimos a voz do Wilford no fundo da gravação, ao fim de cada música, o que cria uma maior aproximação com a audiência e retira de Moya qualquer distância com quem acompanha.

No princípio este projecto concretizou-se no terraço de “um prédio na Sommerschield”, disse, a contar como é que a ideia surgiu. Karen Ponto foi a primeira intérprete a embarcar, numa performance a qual emprestou, durante onze minutos, a sua voz e guitarra, em composições (poéticas) originais.

Seguiu-se a Guto d`Harculete, que participa do segundo álbum de Kloro, Revolução Cultural. O músico que faz o seu percurso no neo soul, em parte (talvez) influenciado por um D`Angelo, Maxwell ou José James fez-se acompanhar pelo seu teclado.

Na terceira sessão Ísis da Barca que este mês teve de adiar o seu primeiro show ao vivo na Fundação Fernando Leite Couto, em função dos encerramentos dos Centros culturais decretados pelo Presidente da República trouxe uma vibe indie e country.

O quinto episódio foi da Beauty Sitoe, um dos rostos da Mbira – instrumento que reuniu alguns músicos e agentes do sector artístico com o intuito de o propor para Património Mundial da Humanidade. Já aí tinha passado a Serati, que é uma cantora e compositora sul-africana AfroSoul/ Folclórico que vem de Johannesburg, na África do Sul.

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