Diferentes facetas da música electrónica no “Franco”

Diferentes facetas da música electrónica moçambicana dão corpo amanhã ao festival deste estilo sonoro no Centro Cultural Franco-Moçambicano, a partir das 18.00 horas.

A segunda edição do festival será revestida de propostas musicais dos ritmos da música de dança de Khataza, a percussão eléctrica da dupla Mukhosse, uma viagem psicodélica do “Likumbi” de Nandele e Texito Langa e o “Exorcismo” hipnótico de A Million Things, o alter ego do músico e produtor Tiago Correia-Paulo.

Khataza, em conversa com o “Mbenga”, explicou que a sua performance é, no essencial, biográfica com um sentido crítico do status quo. O seu set é constituído por um repertório das músicas e géneros moçambicanos e sul-africanos que a marcaram.

“Concebi um alinhamento que explora um leque de diferentes estilos que eu gosto”, disse, referindo que interessa-se pela versatilidade da música nacional e a sua relação com o que se produz nos vizinhos do Rand.

A componente crítica da sua performance irá evidenciar-se, por exemplo, nos samples que faz de discursos de mulheres políticas moçambicanas e da África do Sul.

Nandele Maguni

Nandele Maguni, por sua vez, traz um conceito que parte do “Likumbi”, seu último álbum, que cruza a música electónica com a psicodélica, o boom bap e outras sonoridades.

O beat maker, nesta performance, colaborou com o baterista Texito Langa e o videomaker Mário Cumbane, da Creative Lines, cuja exibição irá se parecer com uma transmissão televisiva.

“Eu sou de uma geração que cresceu a ver televisão”, situou Nandele, a explicar que esse facto influenciou a concepção da exibição. Com a evolução de dispositivos móveis para o acesso a informação, o televisor foi ficando para trás.

“Repare que neste momento da pandemia, apesar da internet, dos ipads e outros dispositivos, voltamos todos a ver televisão para nos informarmos”, observou Nandele Maguni.

Mukhosse é uma dupla jovens moçambicanos, Amilton Nhamgumbe (DJ) e Ivan Massangaie (percussionista) que interpretam e percutem sobre músicas e canções tradicionais e modernas. Da mesa de DJ se libertam misturas que se fundem com a percussão da mbila e batuques.

A Million Things, uma das várias encarnações musicais do compositor, instrumentista e produtor Tiago Correia-Paulo, regressa ao mundo das apresentações electrónicas, com uma collage de sons e imagens, estilo Mixtape ao vivo.

A ideia do Exorcismo surgiu há uns meses atrás, da vontade de expressar algo ligado à frustração associada ao estado do nosso mundo. Será que, como seres humanos, o nosso Karma está completamente corrompido, e precisaremos então de vários tipos de rituais de exorcismo para ver se nos conseguimos realinhar? A ideia desta Mixtape é usar a música electrónica como um destes possíveis processos.

Uma hora de sons e imagens para fazer mexer o corpo, dar espaço à imaginação… e, se calhar, até soltar a frustração.

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