Otis Selimane acende XIPHEFU no Brasil

O COLECTIVO multicultural XIPHEFU realiza de hoje até domingo o festival de música online designado “Em Casa com XIPHEFU”.

A agremiação sediada no Brasil e concebida pelo músico e produtor moçambicano, Otis Selimane Remane, irá transmitir as apresentações das lives via redes sociais Instagram e Facebook.

Cada performance terá duração média de 30 minutos e a programação será intercalada entre artistas nacionais e internacionais, totalizando sete artistas por dia e sets de DJs. Será possível aceder através da conta de cada artista participante e pelo perfil @XIPHEFU, nessas redes sociais.

“Nós organizamos vários eventos e há um tempo que prevíamos reunir artistas de diferentes lugares do mundo num só”, disse Otis Selimane Remane, em entrevista via Google Meet, na tarde de ontem. 

A visão de longo prazo desta iniciativa, esclareceu o produtor moçambicano, é criar um trânsito entre Moçambique e Brasil, possibilitando artistas de ambos destinos actuarem e darem a conhecer o seu trabalho nos dois países.

Conforme o comunicado de imprensa, o objectivo é estreitar relações entre os países anfitriões, bem como fomentar a cultura e contribuir com os artistas além dos projectos sociais ReExistência é Viver e CUFA.

O apoio será feito durante o festival, através do QR code que aparecerá nas lives. E a campanha continuará por 60 dias, para quem quiser contribuir com o projceto.

“Queria poder ter número igual de músicos brasileiros e moçambicanos, mas estando a morar no Brasil fica difícil incluir mais do que estes, pelo menos nesta edição”, prosseguiu Otis, assumindo que “espero que a próxima seja melhor [nesse aspecto]”.

O colectivo XIPHEFU convidou DJ Faya, Yolanda Kakana, de Angola Paulo Matomina e Jéssica Areias, o congolês Leonardo Matumona e os brasileiros Matheus Crippa, Dandara Manoela e Guilherme Kastrup. Serão cerca de 21 atracções de estilos musicais variados.

A expectativa, assumiu Otis, é que o festival não seja sempre online, daí não descartar a hipótese de pós-Covid realizar em presença.

Durante a chamada, o músico moçambicano a estudar e residir no Brasil disse que o desafio maior foi ajustar a programação ao fuso horário dos três países, tendo em conta, por exemplo, que as terras do António Carlos Jobim têm uma diferença de cinco horas com Moçambique.

“[Sabemos que] as pessoas não vão assistir na íntegra, como seria num festival presencial”, disse o produtor, assumindo estar à espera de uma boa audiência.

Xiphefu, que em xichangana, significa lamparina, é um projecto que visa fomentar e segmentar a cena de música e artistas independentes de Campinas e  do Estado de São Paulo, através da criação de um público engajado com o conceito e proposta do projecto.

A criação deste coletivo em 2019 se deu pela percepção de Otis na escassez de movimentos artísticos na cidade de Campinas, que tivessem foco no enaltecimento da obra, identidade e peculiaridade do artista, dentro e fora do país, assim como no oferecimento de plataforma para atividades multi-étnico culturais. E já realizou 04 eventos presenciais em Barão Geraldo – Campinas/SP, com público médio de 100 pessoas.

Otis Selimane Remane

Otis Selimane Remane é percussionista, baterista, cantor, compositor e educador moçambicano. Aos 10 anos se introduziu na bateria. Mora em Campinas desde 2017, quando foi transferido da UFSCAR para Unicamp.

No Brasil desenvolve projectos como o Mbirofonia Duo (grupo de pesquisa e faz releitura de música tradicional do sul de África e mescla com música Afro Brasileira), seu projeto de Música autoral The Otis Project, Colectivo de Percussão Moçambicana e Afro-Brasileira e trabalhando como side musician nas noites de São Paulo. No ano de 2018 Otis foi vencedor dos Novos Talentos do Jazz com o The Otis Project. E por isso passou por grandes festivais de jazz do país: TUM Sound Festival, Sampa Jazz Festival, Savassi Jazz Festival.

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