Tenho dúvidas

Depois de rever o poema medíocre que escrevi digo para mim mesmo todos têm dúvidas.

Olho-me no espelho e percebo que o futuro é uma incógnita e não sou bom a matemática. Queria ter certeza que amanhã tudo estará bem. Sinto a pressão da idade, a pressão da sociedade, o mundo está a desmoronar e eu aqui a escrever meus pensamentos.

Olho para o meu quintal, vejo esquilos a brincarem, vejo formigas ocupadas nos seus afazeres, vejo que a natureza não sofre pressões, segue o seu caminho, passeia, lenta, segue o seu rumo.

O sol entra no quarto, o cão incerto ladra, mas estou com sono e odeia escrever inconsciente, detesto ler palavras com a minha caligrafia, mas criadas por outro ser. Pauso, ganho forças, pois, apesar de todos termos incertezas, será o optimismo obstinado que vai definir os vencedores. Não tenho fórmulas, mas sei que posso mudar as variáveis a meu favor. Sento na cama a procura de uma distracção para chamar o meu sono e leio os versos que sei que nem vou terminar de escrever:   

Tudo está certo

Sem argumentos

Misturo a saliva

Combino palavras

Escuto sentenças

Equilibro as águas da vista

Deixo as cicatrizes expostas e rezo

Sinto que não sou poeta

Proso com os dogmas

Descarto um verso

Escrevo pensamentos inconscientes, sem sentimentos,

Quebro a precipitação e percebo que luto para terminar o texto

Último verso: perdi 30 minutos tentando escrever com fórmulas.

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