Na Liberdade…

De quanta terra precisa um Homem?”, nos questionou Tolstoi. O homem ganancioso, “inventado” pelo escritor russo, morre de tanto buscar mais pelo mundo.
A avenida da Liberdade foi palco das conversas de todo aquele Boss com o Hugo, cheirando givenchy, aguardando, impacientes, a chegada da Gucci, que vinha num Ferrari do Louis Vuitton.
O petróleo daquela paragem do Atlântico transbordava em moedas de ouro e diamante na velha Lisboa. Tal sorte desta cidade, que recebia outros “Gulbenkian”, cuja arte legada são esses retratos acompanhados de letras garrafais que o público vê expresso no diários de notícias.
O que Tolstoi, cristão devoto que era, acharia desses santos? Talvez os admirasse: aristocratas que abdicavam de tanto por meros tecidos, jóias de mera ocasião, nalgumas circunstâncias, desde que assinados por humildes Homens a serviço de uma pequena cleptocracia. O que acharia Tolstoi desses vícios palacianos?
E a cidade prossegue, gélida, solitária com o sol hesitante de Fevereiro. Nem tempo há-de agir com hipocrisia quando, nas escadas do prédio, o vizinho sequer te cumprimenta. Se bem que começa antes, o teu vizinho de quarto nem o teu nome sabe (e tu sabes o dele?).
Um café longo, um cigarro, António Zambujo e Charles Baudelaire sussurram os meus sentidos entorpecidos pelo nevoeiro que cobre uma parte da urbe, ali a beira-Tejo.

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