RUNNING FROM THE URB

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Estação Quarta - José CraveirinhaLegenda da Foto: José Craveirinha, Rua da Guiné, Bairro da MafalalaArte de Bruno João Mateus “SHOT B”, Fotografia de Mário Cumbana

*De Ivan Laranjeira


José Craveirinha nasceu na Rua do Zixaxa, actual Rua dos Irmãos Roby, muito cedo se mudou para a Mafalala onde cresceu e se fez homem.

Mafalalino de quatro costados, fez da Mafalala o seu micro-cosmos e objecto permanente da sua poesia o que lhe confere o título de Poeta da Mafalala. Craveirinha é herói nacional, preso político e antigo combatente! Assinou com vários pseudónimos (Mário Vieira, Jesuíno Cravo, Abílio Cossa, José G. Ventrinha) as suas crónicas e poemas num estilo particular que se caracteriza pelos seus vaticínios e negritude. 

Poeta multifacetado: líder associativo, nacionalista, jornalista, desportista; profetizou a liberdade e o ouro olímpico ao descrever o futuro cidadão. Verdadeiro Intelectual orgânico, marcou o último século da literatura moçambicana ao escrever nas várias fases da vida deste país. Poeta prolífico qual Tupac Amaru Shakur publicando obras a título póstumo.

Poeta-Mor equivalente ao GOD MC na cultura hip-hop destaca-se pelo seu wordplay, punchlines e infinidade de nicknames.Amante incondicional do jazz e do folclore Moçambicano enquanto jornalista no Brado Africano e na Tribuna, num contexto colonial, esgrimiu-se pela MARRABENTA e música feita pelos africanos argumentando e documentando sobre a sua origem, seus fazedores, influências ritmícas, coreografia, salões e a relevância da sua prática para a identidade “em construção” dos moçambicanos. 

Como presidente da Associação Africana incentivou a prática do desporto, dança, música e ofereceu a plataforma necessária aos agrupamentos de então: Conjunto João Domingos, Hula Hoop, Orquestra Djambu, entre outros. Fez o mesmo com as artes plásticas na célebre exposição na Associação Africana com Malangatana, Agostinho Muthemba, Jacob Estevão, Bertina Lopes e Chichorro, para mencionar alguns. 

O Estiloso como carinhosamente é tratado pelos mais chegados é o porta-estandarte da moçambicanidade – o primeiro africano a ganhar o prémio Camões. Kloro killa apresenta-nos a 21 de Março de 2020, o seu segundo álbum “Revolução Cultural” inspirado neste legado histórico de Craveirinha “O Revolucionário”. 

*Presidente da Associação Iverca, Director do Museu Mafalala e do Festival Mafalala

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É licenciado em Jornalismo, pela ESJ. Tem interesse de pesquisa no campo das artes, identidade e cultura, tendo já publicado no país e em Portugal os artigos “Ingredientes do cocktail de uma revolução estética” e “José Craveirinha e o Renascimento Negro de Harlem”. É membro da plataforma Mbenga Artes e Reflexões, desde 2014, foi jornalista na página cultural do Jornal Notícias (2016-2020) e um dos apresentadores do programa Conversas ao Meio Dia, docente de Jornalismo. Durante a formação foi monitor do Msc Isaías Fuel nas cadeiras de Jornalismo Especializado e Teorias da Comunicação. Na adolescência fez rádio, tendo sido apresentador do programa Mundo Sem Segredos, no Emissor Provincial da Rádio Moçambique de Inhambane. Fez um estágio na secção de cultura da RTP em Lisboa sob coordenação de Teresa Nicolau. Além de matérias jornalísticas, tem assinado crónicas, crítica literária, alguma dispersa de cinema e música. Escreve contos. Foi Gestor de Comunicação da Fundação Fernando Leite Couto. E actualmente, é Gestor Cultural do Centro Cultural Moçambicano-Alemão

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