Sthoe volta para nos revelar quem matou Rabhia

O ESCRITOR Lucílio Manjate reforçou a sua intenção de mergulhar nas águas do género policial, pouco explorado por estas margens do Índico, com a publicação, ontem em Maputo, do romance “Rabhia”.

Em entrevista ao “Notícias”, Lucílio Manjate recordou que, desde “Manifesto” (2006), está a trabalhar um policial, embora de forma discreta. E aponta o agente Sthoe, protagonista desta prosa, como um exemplo.

“Depois é que o policial me interpelou de forma mais agressiva, em função dos casos divulgados pela nossa imprensa em que temos assassinos, ladrões e outros pilantras, de um lado, e a polícia, do outro, a procurar os culpados, ao mesmo tempo que tenta desvendar os casos”, esclareceu.

O escritor assume que esta é uma forma de reflectir o crescimento do país olhando para os oportunistas, “candongueiros”, criminosos cada vez mais organizados e sofisticados e a dificuldade em responder à necessidade de segurança e confiança nas nossas instituições.

“A Polícia é, seguramente, uma dessas instituições, carente de meios, estudos avançados em matéria de investigação criminal, como bastas vezes lemos ou ouvimos pela imprensa”, observa Manjate.

A aposta no policial, por outro lado, é uma forma que o escritor encontrou para introduzir outro tipo de propostas na literatura moçambicana. Observa que este é um tipo pouco explorado no país.

“É preciso marcar o descompasso no passo, na estética que a geração de Lília Momplé, Suleiman Cassamo, Paulina Chiziane, Marcelo Panguana, Mia Couto, Ungulani Ba Ka Khosam nos legou”, afirmou.

Prosseguiu parafraseando Filimone Meigos, dizendo que este há-de ser um passo e, ao mesmo tempo, descompasso natural, roto-contunuidade. Refere ainda que trata-se de uma opção que resulta do tempo actual, do sonho que Moçambique está a aprender a sonhar.

Gilberto Matusse, prefaciador da obra, refere que a opção de Lucílio Manjate trazer o Sthoe de “A legítima dor de D. Sebastião”, é a continuação da tradição do género policial.

“Lucílio Manjate, ao estilo dos grandes mestres do género policial, tem já um detective (tal como o Poirrot de Agatha Christie, o Holmes de ConanDoyle, o Maigret de Simenon)”, lê-se. E cogita que o agente poderá transitar para “outros livros”.

Com esta opção, prossegue o prefaciador, o autor de “Rabhia” cumpre a previsão de que depois da ruptura que se verificou na literatura moçambicana em meados da década 80 do século XX, os novos escritores iriam engajar-se em novas causas.

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