Alunos do Xiquitsi vão estudar música em Portugal

Três alunos do projecto Xiquitsi, nomeadamente, Florêncio Manhique, Kleyd Alfainho e Márcia Massicame, ganharam Bolsas de Estudo de quatro anos, que lhes permitirão adquirir Licenciatura em Música, na variante Execução, na Escola Superior de Música de Lisboa, capital portuguesa.

Para a obtenção das bolsas, numa primeira fase, os jovens moçambicanos tiveram de submeter candidaturas com informações académicas e com o perfil pessoal artístico.

Na segunda fase, participaram em testes e foram aprovados.
As Bolsas foram atribuidas no âmbito do projecto PROCULTURA, financiado pela União Europeia, co-financiado pela Fundação Calouste Gulbenkian e igualmente co-financiado e gerido pelo Camões, IP.

Nesta sequência, entre 2019 e 2020 serão atribuidas 48 bolsas de Estudos Internacionais de Licenciatura e de Mestrado nas áreas de Música e das Artes Cénicas a Cidadãos dos Palop.
Para a Directora Artística do projecto Xiquitsi, Kika Materula, a atribuição destas bolsas para os alunos do Xiquitsi “é mais uma prova dos resultados de que estamos no bom caminho, é mais uma prova de que o Xiquitsi veio para mudar o cenário musical moçambicano e para isso vamos continuar a lutar, trabalhar com estes e outros alunos que estão a crescer musicalmente dia após dia”.

Materula afirma que, “esta é também mais uma forma para que os nossos patrocinadores, aqueles que nos apoiam, possam ver e se orgulhar do investimento que tem vindo a fazer desde 2013, aquando da fundação deste projecto, um dos mais novos de Moçambique”.

Os Xiquitsianos beneficiaram das bolsas da PROCULTURA, uma acção do Programa indicativo Multianual PALOP – Timor- Leste e União Europeia. Esta acção é enquadrada pelos princípios do consenso Europeu em matéria de desenvolvimento (O Nosso Mundo, a Nossa Dignidade, o Nosso Futuro), nomeadamente, pelo reconhecimento de que a cultura favorece “a inclusão social, a liberdade de expressão, a formação da identidade, o empoderamento civil e a prevenção de conflitos” e pela intenção da União Europeia e de seus Estados membros de fomentar a Economia e as políticas culturais quando estas contribuem para alcançar o desenvolvimento sustentável.
Na percepção dos três alunos, as bolsas que acabam de adquirir vão lhes permitir aprofundar os seus estudos, num país com muita qualidade e tradição no que concerne ao ensino de música e artes em geral.

Márcia Massicame, espera desenvolver habilidades até aqui apreendidas no projecto Xiquitsi. Para a jovem cantora erudita,

Portugal é um país com elevado nível curricular. Por isso mesmo: “acredito que irei desenvolver melhor a nível técnico profissional”.

Há algum tempo que Kledy Alfainho aguardava por uma oportunidade desta natureza, de ir estudar para o estrangeiro, pois, segundo entende a instrumentista que toca viola de arco, seria muito mais difícil elevar o seu nível de conhecimento musical em Moçambique.

“Preciso dar este passo para me capacitar, e aí, sim, poder fazer alguma coisa para contribuir com tudo que eu puder para desenvolver a economia cultural de Moçambique”.

Igualmente motivado, Florêncio Manhique deseja crescer como instrumentista em Portugal. “Vou para um país onde a música clássica é parte da cultura do povo. Penso que isso irá influenciar muito no meu aprendizado e na minha formação”.

Florêncio Manhique, Kleyd Alfainho e Márcia Massicame deram os seus primeiros passos significativos na música como integrantes do projecto Xiquitsi, iniciativa da Associação Para o Desenvolvimento Cultural – Kulungwana, que conta hoje, com cerca de 200 alunos entre crianças e jovens das escolas públicas de Maputo, que provém das mais diversas camadas sociais e que têm acesso livre e gratuito ao ensino de música.

Breve trajecto dos integrantes do Xiquitsi

Márcia Massicame

Nasceu em 1995. Integrou o projecto Xiquitsi em 2014, onde dois anos depois exerceu a função de monitora. Tem experiência em Trabalho com Coro Xiquitsi e já interpretou várias peças como Coro dos Escravos Hebreus de Verdi, Ave verum, e Adiemus de Karl Jekins, Halleluia de Handel, Cantique de Jean Racine. Participou na Temporada do Xiquitsi 2019 e fez o Papel de Opinião Pública na ópera Órfeu nos Infernos de Jacques Offenbach. No Xiquitsi actua como soprano.

Florêncio Manhique

Nasceu 1990. Este ano(2019), actuou como solista na Temporada de Música Clássica de Maputo (1ª Série). Através do Xiquitsi participou em vários festivais como o Stellenbosch International Chambre Music Festival (África do Sul), Festival Internacional de Música da Primavera de Viseu (Portugal). Estagiou na Orquestra do Projecto Neojiba (Brasil) e participou no Festival Regional do ISCED (Brasil). Foi 2º lugar no Prémio Melhor Aluno do Projecto Xiquitsi (2017), onde dois anos antes começou a leccionar violoncelo como monitor. O instrumento que toca é violoncelo.

Kledy Alfainho

Nasceu em 1993. No âmbito do projecto Xiquitsi, participou em vários festivais em Portugal e África do Sul. Esteve no SICOF (Seoul International Comunity Orchestra Festival), na Coreia do Sul, como membro da SICO 2017 (Seoul International Comunity Orchestra), seleccionada em concurso internacional. É membro e co-fundadora do quarteto de cordas Acapella, que tem feito actuações em eventos públicos, privados, incluindo eventos do Estado.

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