Perdeu a vida o cantor e guitarrista do duo de cegos malianos que lançou em 2004 o inesquecível Dimanche à Bamako, que estava “doente há algum tempo”. Tinha 70 anos.

O cantor e guitarrista maliano Amadou
Bagayoko, que com Mariam Doumbia, a sua companheira, formou o esfusiante duo de músicos cegos Amadou & Mariam, morreu ontem, anunciaram a sua família e o Ministério da Cultura do Mali à agência France-Presse.

Segundo declarações do enteado do músico, Youssouf Fadiga, à mesma agência noticiosa francesa, Amadou, de 70 anos, “estava doente há algum tempo”.

Juntos desde 1975, o ano em que se conheceram no Instituto dos Jovens Cegos de Bamako, a capital do Mali, ele com 21 e ela com 18 anos, Amadou et Mariam lançaram-se profissionalmente na carreira musical nos anos 1980.

Entretanto, seria apenas em 2004, com o álbum Dimanche à Bamako, produzido por Manu Chao, que se tornaram virais, como diríamos hoje, atingindo um estrelato que ultrapassou as fronteiras da world music.

Saíram desse disco canções como La réalité ou Sénégal fast-food; outra das suas criações mais tocantes, Je pense à toi, vinha já do álbum Sou ni tilé, de 1998, que lhes entreabrira as portas do circuito de festivais em França.

Três anos e um hino do Campeonato Mundial do Futebol depois (na Alemanha, em 2006), juntavam-se à caravana Africa Express de Damon Albarn (Blur, Gorillaz), que viria em 2009 a produzir Sabali, um dos temas de Welcome to Mali (no mesmo ano, tocaram em Oslo na cerimónia de entrega do Nobel da Paz a Barack Obama).

Santigold, os TV on the Radio, Bertrand Cantat e Jake Shears, dos Scissor Sisters, compareceriam no oitavo álbum, Folila, demonstrando não só a plástica vitalidade do duo como a atracção que nunca deixaram de exercer sobre músicos das mais diversas genealogias, geografias e gerações.

Em Setembro, depois de uma passagem pelos Jogos Olímpicos de Paris em que cantaram (premonitoriamente?) Je suis venu te dire que je m’en vais, de Serge Gainsbourg, Amadou & Mariam lançaram um best-of, La Vie est belle.

(Público)